segunda-feira, março 30, 2009

O tempo presente

Se tomarmos o exemplo de Heráclito sobre a questão do movimento, onde ele diz que ao banharmos em um rio quando dele saímos nos não somos mais os mesmos assim como o rio, podemos perceber que a vida é um fluxo constante, onde o presente é passado e o futuro a possibilidade do presente.
Discutir a questão do tempo é fundamental pois incide que a própria linguagem que fundamenta o tempo é uma questão puramente casual, haja vista, que afirmar " Eu sou " só tem validade metafísica, pois na realidade o Eu sou , enquanto matéria, é parte de um passado, assim como eu serei está no futuro.
É impossível captar o tempo presente pois todo ato que assumo ,pelos menos parcialmente ,já é passado e se assim o é , é lembrança do que passou.
Para Kant tais conceitos abstratos, tempo e espaço, existe a priori na mente humana, que ele chamava de razão, não existe fora de nós e serve para organizarmos o conhecimento. Mas o animal, por exemplo o cachorro, também faz idéia do tempo, afinal ele sabe o tempo exato para atravessar uma rua, pular ou não de uma sacada de uma casa. Entretanto, somente o homem pode vivenciar o passado e o futuro no instante " presente ".
Mas por que ele vivência o passado que não lhe cabe mais e o futuro que ainda será, ambos causadores de saudosismos e angústia, penso que porque estão dentro do instante do pensamento do ser donde não pode escapar.

Hemerson

sexta-feira, março 27, 2009

PRUZOTRO




Um dia desse após uma reunião de Pais, uma feroz mãe com seu corpo armado e seu rosto raivoso, se aproximou de mim e perguntou se eu era o Professor Tal.
- Pois não. Respondi a ela.
Direta ao assunto, mostrando seus dentes amarelados e seu olhar vingativo, perguntou se eu acreditava em Deus ou se era Ateu.
Deixei passar a pergunta, olhei no fundo dos seus olhos, mantive silêncio por um tempo, (que gerou uma impaciência pela mesma), e respondi que sim, e que Deus é bom.
Logo em seguida ela perguntou porque então eu estava levando meus alunos a não acreditar em Deus. Fiquei surpreso por tal afirmativa, até porque sou cristão e nunca neguei tal fato.
Como? Perguntei eu a ela.
É isso sim, e não adianta negar, a minha filha falou que o Senhor disse para a sala que como é possível acreditar numa coisa que não vemos.
Ah sim! Respondi a mãe. Que de fato levei meus alunos a questionarem, (esta ação me faz muito feliz quanto tenho êxito em tal proposta) e que a aula em questão era sobre igreja medieval X racionalismo, ou seja, sobre fé e ciência.
Para evita milongas resolvi então dar um golpe, e convidei a Sra Mãe a assistir minha aula, pois aleguei que ela estava fora de contexto. (quebrei a Dona).

Educadamente me despedi, e ainda me desculpei se a sua filha se sentiu constrangida com tal abordagem.
E me veio um pensamento à cabeça:

Ora, dizem que Deus é onipresente.
Não o vejo.
E tem uma coisa que é ubíqua e concreta, e que além de estar em todos os lugares, assume diversas formas e diversas maneiras de ser usadas e ninguém questiona o poder desse negócio, pois precisa dele.
É o contrário?
O espinhudo?
O mal?
O cão tinhoso?

É pior que ele.

Quem ganha?

Deus X Dinheiro?


abraços


domingo, março 22, 2009

A vida como ela é

São cinco horas da manhã
O relógio aponta que a vida comum começa
Transeuntes pelas ruas
Começam sua jornada
Nada de novo
O domingo já se foi
A feira, a igreja , o futebol , a televisão
Tudo começa com o sonho do futuro
Resumido ao sonho que não acontece
A rotina não permitirá saber o por que da dor
do tédio, náusea, crise existencial
Não fazem parte deste povo
Somente o leite, o pão , a carne e famigerada cachaça
Realmente tem despertado discussão ultimante
O que importa meu amigo
Sei lá
Só eu e você sabemos o que importa


Tito

quarta-feira, março 18, 2009

Palimpsesto


Eu vou ser.


Serei antes o ato,
A existência em potência.


Quando eu for,
estarei ainda tentando ser.


O ser e o espaço


A existência

terça-feira, março 17, 2009

The Show Must Go On

Não tivesse eu, esta manhã, feito o exercício rotineiro dos sentidos, daqueles que buscam o ideal ascético do perfeito e do belo e que expõem o paradoxo da imaginação e da coisa imaginada. Ou tivesse eu, nessa ascese, parado com as cobiças libidinais, de beber e fumar e girado as vísceras no fractal caleidoscópio de deus, que tudo vê. Tivesse eu, podido manter seu foco em mim esse tempo todo, cuidando de outras coisas ao mesmo tempo. Tivesse eu, em tecnicolor na sua infinita ocular, mostrado o nada que emerge das figuras, como um fundo que se torna a imagem, e de novo, a inocular em outros fundos outras imagens. Tivesse eu, o dom de evocar tal profusão do nada. Ou mesmo, a possibilidade de vê-la, como um conto universal, que narrasse desde os primeiros grunhidos dos falantes, das suas imagens na pedra, de suas imagens de pedra e sua adoração por elas, sempre a invocar os mesmos grunhidos na língua dos anjos. Estivesse eu, neste laboratório fonoaudiológico feito cobaia do espírito santo. Tivesse eu, no alpendre de casa, um Instituto de Pesos e Medidas para saber que todos os espíritos, desde os mais santos, são como uma mala ou uma cadeira. Tivesse, mesmo assim amiúde, o espetáculo não cessaria em minha mente.

segunda-feira, março 16, 2009


Minha alma sedenta não suporta a teoria heliocêntrica
Eu quero ver o pôr do sol
Lá no banhado
Ouvindo Altamiro Carrilho

Minha alma quase chegando aos quarenta não tem suportado o mundo
Eu quero um livro empoeirado
Daqueles que deixam cheiro na mão
Ao qual lemos deixa saudade
do primeiro amor

De fato já fomos sonhadores
E ainda somos eternos insatisfeitos
No fundo não satisfazemos com nada
E vivemos a procurar o raio do infinito

A razão cartesiana oprime tem hora
Fato que somente pode ser aliviado
Pelo som de Pixinguinha
Ou do Baden , como agora

Hemerson

quinta-feira, março 12, 2009

Coração Valente



Uma cabeçada, os tapas no peito e a caminhada até a massa tricolor elitizada(sem povão, claro!). Assim Washington vem e se encontra com aquilo que é mais apaixonante: a torcida São-Paulina, do Maior do Mundo! Já vi vários gols do Coração Valente, inclusive contra nós, mas incomparavéis em emoção aos que só aqui no Melhor do Mundo ele ira fazer. Aliás , isto graças ao verdadeiro espírito de treino no Paulistinha e de competição na empolgante e espetacular Taça Libertadores, maior torneio de clubes do nosso continente o que incomoda a sempre ausente, suja e mau-comportada torcida do Cúrintía.
Mas deixando os galinhas-pretas de lado, parabéns ao "Washingol" que realiza um sonho de todo jogador, brilhar no Maior do Mundo. Por isso , o saudoso Juca Chaves ainda canta " Torcer para o São Paulo é uma grande moleza".

domingo, março 08, 2009

Parabéns Ronaldo



Uma cabeçada, um salto , um pulo até o bando de louco. Assim Ronaldo vem e se encontra com aquilo que é mais apaixonante: a torcida corinthiana.
Veja todos os gols do Ronaldo, muitos belos em relação a este , mas incomparável a emoção que só este time e torcida pode proporcionar, aliás , isto graças ao verdadeiro e maior clássico do futebol paulista coisa que incomoda a engomadinha e bem comporta torcida São Paulina.

Mas deixando os Bambis de lado, parabéns ao fenômeno que realiza um sonho de todo jogador, brilhar no time mais lindo e apaixonante do Brasil.
Por isso , o saudoso Toquinho já cantava " Ser corinthiano é ir além da vitória , vitória , vitória".

Hemerson

sexta-feira, março 06, 2009

Delicatessen...ou Para Além da Luz


Os objetos cortantes juntaram-se aos perfurantes, desde meu ultimo conto, assumiram a minha dicção, essa arte de ditar a ação; e se amotinaram. Renderam o cara do açougue quando o solicitava a carne moída, e gaguejei mesmo sabendo que era moída. Tais objetos, hoje, partiram para a pilhagem dos sujeitos, saqueiam os sujeitos e os levam sabe lá deus para onde. Sua justificativa é de que a definição e a constituição dos sujeitos se dá através deles, dos objetos, assim como o açougueiro que não o seria nada sem a carne, aí então este objeto, no caos a carne, solapou a definição de tal profissional, da sua qualidade de ser moída, e me deixou perplexo frente ao vidro daquela geladeira olhando as outras carnes penduradas, gotejando o sangue, que outrora fora cortada pela faca, depois tudo de novo, faca, sangue, geladeira, mesa, dinheiro, carne... escutando uma voz lá no fundo: senhor, posso ajudar? E quase no mesmo tempo a geladeira grita: não dê ouvidos a esse açougueiro inútil! Sujeito vil!

Não pude comandar palavra, os objetos assaltaram minha dicção e neutralizaram minha ação, me senti uma figura abjeta, e vi que seria mais sujeito quanto mais objeto fosse, tanto quanto a faca, a geladeira...quando voltei os olhos novamente para carne e todas as variadas secções promovidas nela pela faca reparei a infinita coleção de elementos organizados numa permutação infinita de classificação que ordenara a minha realidade objetivada até aquele momento de comprar a carne moída.

Dentre os objetos colecionados por mim, eu fui o primeiro, e que até hoje me coleciono nessa permutação infinita de classificação da minha subjetividade. E o que seria a subjetividade se não a substancia, essa singularíssima coisa? A geladeira, a faca e eu não somos objeto e sujeito a priori em si, somos sim, a priori, um fenômeno.