sexta-feira, outubro 27, 2006

Os Vagabundos Iluminados

Usei o título em português de um livro de Jack Kerouac para nomear este simples pensamento. Inclusive, ótima leitura para quem busca entender o período estadunidense nomeado na literatura e na música de “beatnik”. Os EUA passavam por um momento de identificação no pós-guerra, o consumismo e o “new american way of life” prosperavam entre a classe média e na massa, no meio deles houveram muitos loucos que contrariavam isso tudo e proferiram em poesia e música toda as insatisfações desse mundo novo, onde tudo já tinha um valor mercadológico. Hoje, não temos talvez pessoas como esses para ditar sem querer um novo segmento na literatura, ou até temos e não sei onde estão, ou quem sabe, alguns desses estão aqui no blog. Quero o tempo livre para estar com os meus e para aqui continuar a escrever, seguir o caminho para me encontrar. Hoje temos (parecem que muitos não têm) as mesmas insatisfações com a sociedade disforme e precisamos externá-las sempre que possível. Às vezes isso não pode ser feito somente dentro de casa com a família e tem que ser nas ruas de minha cidade, no centro inóspito que não é feito para as pessoas e sim para os veículos.
O grito contido causa ainda mais angústia.
O grande problema é quando a gente pensa que é um “dharma bum” (mesmo assalariado) e se exalta, invade o espaço lugar nenhum dos veículos brilhantes dos abastados e somos insultados por um semi-analfabeto guarda municipal que tem autoridade numa cidade como a nossa. Estou esperando a sua Coronel...

Samuel Farias

* O título original do livro é The Dharma Bums

5 comentários:

Anônimo disse...

"Enquanto os transeuntes nas avenidas comercial, muito preocupados em saber o que pensar".
Seixas

Saimos das garrafas Samuel, para delírio de nossas almas, e loucuras para nossas mulheres.
As garrafas é a vida citadina, cotidiana, que nos enche, nos torra o saco, precisamos sim dessa geração dos "flashblacks", segundo o Kerouac, para no mínimo, nos sentirmos vivos.

abraços

Rei da Vela

Anônimo disse...

É...sem respaldo "intelectual" a gente fica sem forças para gritar por intermédio da arte, mostrar quem realmente somos. E nos encondemos nesta mentira, nesta farsa suave e aterradora que nos consome aos poucos, de sálário em salário, de hora-extra em hora-extra.
Ainda acabo com isso!!!

P.S.: Muita saudade das conversas fumadas do Jaguari.

Nilson Ares

Anônimo disse...

É, como diz o Guillermo Borja:
"A loucura cura".

Anônimo disse...

Samuel,

"Eu que não me sento de um trono do apartamento com a boca escanrada cheia de gente esperando a morte chegar",está frase do Raul reflete o que não somos, tamanho comprometimento que estamos com a engrenagem do mundo atual.

Empreste-me para eu ler quando terminar.
Hemerson

Máscaras Óbvias disse...

Imagine você um mundo feito d'acordo com o seu IDEAL DE PERFEIÇÃO. Como seria? A poesia da vida, suspeito, está na diversidade, e certas diversidades, muitas das vezes, me parecem injustas - por quê, não saberia dizer - o homem, porém, partindo da idéia de que "não pediu para nascer", torna-se isento de tal injustiça - porém também, o homem, já se conhecendo como se conhece - será que ele se conhece? - deveria admitir que a prudência talvez seja necessária para a manutenção de espécie - as leis, penso eu hoje assim, surgem NATURALMENTE, conforme determina a época. A própria CONFRONTAÇÃO das naturezas acabam por estabelecer normas. É tanta coisa, coiso, e sempre com umas lacunas sem respostas - QUE BOM! A insatisfação é condição necessária que nos dá movimento. A vida sem mistérios seria, no meu mero ver, INUMANA. Logo - como diria Descartes -, nos mundos de mistérios mis, ME LANÇO -> no kaos.

abrassão -