quarta-feira, setembro 30, 2009

CUMÉQUEÉ?


Só pra esclarecer, eu não estou participando disso aí. Mas não consegui me conter, e resolvi tentar dirimir as minhas dúvidas entre os amigos comparsas. Pois que ao me deparar com a proposta de oficina acima numa unidade Sesc da Capital, me senti muito defasado no que tange aos conceitas da Arte Contemporânea contemporânea, suas estratégias baseadas na hibridização técnica-empírica e na sua hiper-poética expandida. Que rumos a coisa está tomando, pra não tomar rumo algum. Mas enfim resolvi (para o meu próprio conforto) que a coisa deve ser apenas uma estratégia jocosa de atrair a atenção de possíveis participantes (Amém!).



domingo, setembro 27, 2009

O SOBERANO DA ALEGORIA


É de outrora que travesti de um gozar ininterrupto
Conforme minha desregrada natureza deleitei-me ao bel prazer
Chantagiei a realidade e suspendi minhas misérias
Mergulhei na magia do folclore onde fui protagonista.

Como protagonista, sempre simulei um novo episódio onde buscava retardar o final da saga
Meus espectros se refugiavam no sustento da paixão e na pálida nostalgia
Atalhos de fuga prorrogavam e amorteciam o próximo instante
Viciosamente divagava na inércia, como num circulo enquadrado.

Cristalizei metáforas enfermas e me tornei refém patológico da vida
O acúmulo de realidades suspensas elevou o fatídico déficit moral
O assalto esperado veio à galope carregado de realismo
Mãos ao alto! Devido ao extravio da realidade sua ficção está em cheque.

O juiz sentenciou! Foi dado o veredicto, as contas estão na mesa
Cai por terra toda flutuação, e se instala o cataclismo da realidade
Inflamados estigmas foram o que restou da paliativa alegoria
E agora? Repensar, refazer, resignificar, renascer ou a eutanásia.

Por Fabiano Baldi

quinta-feira, setembro 24, 2009

A sina de Genésio

Genésio ainda continua com aquele maldito habito de cuspir no chão quando fuma o maldito cigarro. Eu achava que era em função do Belmont, mas um dia lhe dei um Free, não adiantou nada. Bem, pelos menos agora, ele cospe fora do bar. O Serra lhe cortou o barato.
Ele sempre foi rudimentar. Quando criança tinha aquilo que Freud chamava prazer infantil, se melecava e delicia com a própria merda. Sua mãe, dentro da inocência que lhe cabia, comprou remédio para ver se curava tal desgosto, mas só passou quando ele tinha 06 anos e os meninos ficaram sabendo por intermédio de seu irmão que ele era um degustador de bosta e então resolveu parar.
Outra prazer infantil que ainda carrega é dar aquela cutuda no nariz e levar a boca, este prazer ele ainda não conseguiu se livrar. Não é a toa que alguns amigos ainda lhe chamam de Genésio ranhento.
Mais como tudo tem a lei da compensação, não seria Genésio um quebrador das regras. Ele sempre foi uma unanimidade na arte da construção, apesar da baixa escolaridade e trabalhava o dia inteiro para atender as necessidades de Margareth, sua bela esposa.
É difícil entender porque Margareth foi apaixonar pelo ranhento com seus hábitos peculiares, dizia ela que Genésio tinha um jeito diferente de ser. Realmente tinha e já foi dito, mas além dessas era um amante a moda antiga do tipo que ainda manda flores, como dizia na canção do Roberto.
Mas qual era então o grande dilema. Margareth tinha o calor voraz do sexo que Genésio que não dava conta. Todos que conhecem o trabalho na construção civil, a cachaça no fim do dia e tabaco, saberá como seria difícil apagar o fogo dessa fêmea.
Numa manhã, dessas de calor radiante que bate a casa dos 32 graus, Genésio saiu cedo para construção de uma obra na cidade vizinha. Margareth estendia a roupa com sua saia ala Gabriela. A garotada da rua gostava de olhá-la por entre os buracos que ficam entre vãos de blocos maus tampados, casa de ferreiro o espeto é deu pau.
João, um daqueles pentelhos que metia o olho no buraco, resolveu comprar um pastel e levar para Margareth. “Minha senhora, aqui está o pastelzinho que minha mãe pediu para lhe enviar”, e a danada respondeu, “obrigado menino, vamos entrar um pouco”.
“Filha da puta do Joãozinho”, gritava a criançada pelas arestas vazias do muro. Não é que o desgraçado vai traçar a mulher do ranhento. Eles ficaram ali parados durante meia hora e nada do Joãozinho sair de dentro.”Eu que queria estar deitado com a Margareth, levantar aqueles vestidos, tirar.....”, disse um dos moleques.
Depois de uma hora, o Joãozinho sai pela porta todo feliz olhando para o muro e dando risadas. Pensava o maldito na sua cabeça. “O melhor não é ter comido a Margareth, mas poder contar a todos, comi a mulher do pedreiro”.

Hemerson

terça-feira, setembro 22, 2009

RE-LIGARE A METÁ – PHYSIKÁ

Tomado pela inspiração dos dois textos. Sendo o primeiro cosmologia e metafísica, e o segundo, cosmologia e a physis dos estimados Paroquianos Hemerson e Alexandre.
Aproveito a carona para fazer uma acareação com a cosmologia mítica, e seu sistema de representação elementar de natureza religiosa.
A Mitopoese, palavra derivada do grego Mytos, fábula, narrativa, conto. E Poieses, criação. Designa a capacidade espontânea da psique construir mitos nos seus mais variados contextos.
Partindo desse étimo, sabe-se que o homem primitivo adquiriu o seu primeiro construto arquetípico através de manifestações coletivas de origem religiosa, e que, as aspirações primais mais genuínas de nosso ser tem relação intrínseca com elementos da natureza correlacionados a divindade.
As formas de expressões religiosas da pré história encontradas em culturas ágrafas, apresenta características da crença animista, que propõe a interação do homem com as forças naturais, personificada na terra, água, tempestade, vento, arco-íris, trovão, fogo etc.
Cunhado pelo antropólogo inglês Edward B. Tylor, o termo animismo provém do radical latino animus, "alma" "espírito", isto é , vida as coisas inanimadas e consciência aos fenômenos naturais.
De acordo com todas as tradições cosmogonicas, a versão mais antiga da criação tem origem no caos, onde consequentemente se estabelece o cosmos; espaço em que reina ordem e harmonia das coisas naturais, que tem como matriz do universo, o oceano. Contudo, a dual causalidade do cosmos implica em variações dos diversos segmentos de representação cosmogonica e teogonica.
Pois bem, na difícil tarefa de se aproximar de uma fidedigna definição de metafísica, haja visto, as interpolações que a mesma sofreu na história através da interminável perspectiva dialética, denotando sentido ontológico, teológico, psicológico e cosmológico.
Estou em consonância com os senhores ao identificar que a perene natureza da metafísica brota na natureza das coisas, e passa pelo menor orifício da percepção.
Ao meu ver, a luz da caverna de Platão só pode ser desvelada nas interações da consciência do homem com o mundo que o cerca.
Posso eu dizer que, diante do avanço técnico- cientifico- informacional nosso destino será a fatalidade?
Nota-se que ao longo do tempo, a técnica massivicada vem causando detrimento no desenvolvimento da moral, em contrapartida, as novas tecnologias reestruturam os meios de produção e serviços, viabiliza a integração social, e entre outras, abre horizontes de possibilidades inesgotáveis, que caberá a ser discutido em momento oportuno.
Com o crescimento da Internet e as interfaces que a cibercultura nos proporciona, segundo Pierre Lévi, pode e deve ser encarado de uma perspectiva mais humanista.
O que a natureza humana cria em si, e para si, não está dissociada do todo, ela pois, legitima e contempla o todo.
Me parece que a ótica é paradigmática, ou seja, tem uma outra lógica de ressignificação.
Diferente disso, estaríamos no paleolítico se relacionando com a natureza In- natura, engessados no tempo, a mercê de uma existência inviável.

Por Fabiano Baldi

segunda-feira, setembro 21, 2009

Subjetividade - Após Stoklos e Chartier

Se toda vez nessa minha curta existência eu mudasse de nome, na mesma quantidade que eu não sou mais eu, eu me chamaria Probabilidade ou Relatividade Empírica.

Eu, quem?

Talvez por sempre querer (e fazer) lutar na guerra, disputando palmo a palmo, palma a palma, nunca me contentei com o binóculo.

Ou mesmo, tentativas faria constantemente, ora sendo o exército que fez o cerco, ora o povo derrotado.

Assumiria (e assumo) os fracassos, as procrastinações e fobias.

Levaram-me a Rainha, e o Rei só Deus sabe. Os colonos há muito já não fazem de seus dias o único, agora sonham, desejam a cidade grande, os metais, a taverna, as mulheres...

Agora, afinal quando? Dizem que o presente é o passado recente.

E o aqui, é onde estou? E onde não estou é o que? O acolá, que também não estou?

Não me levaram. E tudo que vejo é a barra das saia, e ouço , parece que pelo barulho do salto,e uma imensa dúvida, sob uma matéria engessada.

Relatividade, parece que só os adultos a conhecem. Bobagem, as crianças conhecem e dominam mas que nós, mas mal sabem o que isso...

Conceitos. Farão deles o melhor uso, não sei onde.

São pedaços! As cores deixo a vocês.

Vou sair tenho o livre arbítrio, porém só uma porta.


Probabilidade...

Abraços


Prata

quinta-feira, setembro 17, 2009

A sina de Adelcrecio

Recente fui fazer uma visita a um amigo no sanatório. Ele costuma ler demais a bíblia e encanou que depois de tantas merdas feitas o diabo estava em seu pé. Adelcrécio desde de moleque fora muito atentado: roubador de mangas em chácaras alheias, chocolates colocados na embalagem de meia dúzia de pães que comprava para mãe, carretéis de linhas no bazar do tio, além de comedor de viado, não que desgostasse das mulheres, elas eram mais difíceis e não lhe davam as moedinhas que a viadagem lhe presenteava.
Aos 13 anos conheceu Ananias na escola que lhe deu um exemplar da bíblia. Adelcrécio iniciou a leitura da santa escritura e dela o que mais tirou foi a imagem de Deus que olhava os meninos maus e os castigava.
Um dia quando estávamos jogando bola, havia uma meninas jogando vôlei com aquelas saias em xadrez, capaz de deixar qualquer adolescente louco. Eu disse “Adelcrécio, bem melhor que o viadinho que você anda comendo”. Ele em tom de repreensão me falou “Deus livrai-me de tal perdição, o demônio se disfarça de várias maneiras”, e pensei, “o cara pirou de vez”. É meu caro leitor, há momentos em que a leitura não digerida direito, causa transtornos irreparáveis.
Certa manhã, como sempre fazia, passei na casa do Crecinho, assim o chamávamos, para irmos à escola. Costumávamos catar bitucas de cigarro na beira do bar para fumarmos, mas isto passou a ser mais um elemento pecaminoso na mente do menino. Achei estranha a conduta do danado, uma idéia de perseguição parecia deixar-lhe atormentado. Começou a ver demônio até na sombra. Na escola em aulas de história quando o professor falava da fé muçulmana, budista e da importância da tolerância, ele levantou a mão e disse “Dona Marta, estamos no fim dos tempos, eu li no Apocalipse ontem”. “Fudeu”, pensei comigo, “o cara pirou de vez”.
A mãe já não agüentava mais ver Adelcrécio naquela situação, acordava toda noite com mania de perseguição e a mãe preferiu, para se livrar do filho, ainda com muita tristeza comum as mães, interná-lo.
No hospital psiquiátrico, acabou por piorar, tomando aquelas bolinhas que os filhos da puta dão para amenizar-lhes o trabalho e fazer aquela manada dormir sem atrapalhar. Já não falava tanto no diabo, e parecia olhar o mundo sem preocupação, agora já com 25 anos, tragava aqueles cigarros de filtros amarelos que a mãe trazia em dia de visita, não falava coisa com coisa, gostava do lugar, dava segurança a ele. A loucura permanecia ali, tranqüila, debaixo de um pé de Ipê amarelo, onde ouvia as histórias que Adelcrécio contava sobre a época que roubava manga, chocolate e da tristeza das mocinhas que não comeu.

Hemerson

terça-feira, setembro 15, 2009

Cosmologia e a Physis

Que maravilha termos como interlocutor um professor de filosofia, o homem não sabe só fazer avião não! Este ultimo post do Hemerson, pelo menos a mim, foi tocante. Há tempos penso numa linha epistemológica do pensamento ambiental e me remeto ao mote do ultimo post Cosmologia e Metafísica, precisamente aos filósofos da Physis.
Physis em grego que dizer natureza, por isso os sufixos em nossa língua como: fisiologia, fisionomia, fisiocracia, física e etc...Estes filósofos tomavam alguns elementos da natureza como base, como realidade primeira de sua filosofia. Como Tales de Mileto tomava a água e Anaximandro o fogo como tal principio.
Por isso que Nietzsche considerava que a filosofia só existiu mesmo até os pré socráticos, ou os filósofos da Physis. Isso por que não havia a fratura ontológica entre pensamento e natureza e a explicação da realidade era mítica, o pensamento era uma cópia fiel do ser, a imitação – a mímesis – como a via de apreensão da realidade sempre ligada à natureza, à fantasia e à imaginação com uma carga poética daquelas. Essa é filosofia de Nietzsche, baseada nas tragédias gregas e na crítica a razão pós socrática. A grande fratura ontológica entre sujeito e objeto que está sendo recomposta somente agora no século XX com a Fenomenologia.
Essa é a primeira fase da linha epistemológica, a segunda é quando a filosofia deixa de ser o amor a sabedoria e contemplação desinteressada ao universo para ter um valor utilitário.
Posteriormente o grande afã da razão é controlar a natureza, contornar a sua aleatoriedade e formatar o caos. E esse tipo de ação teve seu ápice com o desenvolvimento da técnica e do trabalho, e que agora na pos-modernidade, a natureza e o pensamento não são mais mímesis, pura contemplação, nem só valor utilitário, ela é uma linguagem, um símbolo. Isso por que o objeto ao qual o sujeito tem interação, ele tende ser cada vez mais perfeito quanto mais “tecnicisado” for, quanto mais próximo da natureza maior sua imperfeição.
A técnica cria um outro sentido á natureza, cria uma outra natureza. Fazendo objetos que tendem a serem ainda mais perfeitos que a própria realidade, cria-se então uma hiper-realidade. Enquanto os pré-socráticos, os filósofos da Physis, contemplavam e imitavam a natureza, nós a julgamos imperfeita e criamos uma outra, baseada na técnica, no simulacro e numa economia política da significação.
A natureza hoje é uma caverna de Platão, mas sem o exterior só com as sombras. A idéia de natureza e natural é uma função simbólica, de representação e discurso, a natureza é uma fantasmagoria.
Por isso que Nietzsche tem que ser nosso livro de cabeceira, para nos religar com o pensamento alegórico, parabólico, com a tragédia grega, sem a opressão da razão aristotélica e com o que há de natural.


segunda-feira, setembro 14, 2009

Cosmologia e metafísica

Quando os pré-socráticos buscaram o arqué do mundo, eles o fizeram dentro do próprio cosmos de maneira a achar o elemento primordial. Se tomarmos Tales , o pai da filosofia grega, veremos que quando ele determina a água como arqué, percebemos que ele quer dizer que dentre todos os elementos , este seria o que explica a ordem da realidade , que sua presença dá sentido ao cosmos , que o embeleza e explica sua harmonia, não é a toa que a palavra cosmético vem de cosmos , que produz beleza.Assim os pré-socráticos serão chamados de físicos por Aristóteles, ou iniciantes da física.
A metafísica é dual, o elemento que explicará sua realidade é supra-sensível, uma meta-física.
Se tomarmos a filosofia de Platão, que é intrisicamente influenciado por Sócrates, ela separará a explicação a realidade separando em sensível e supra sensível, muito bem compreendido através do seu mito da caverna.
Se tomarmos ainda o movimento infinito do cosmos , para Aristóteles, chegaremos no ser imóvel,o primeiro motor, que seria supra-sensível.
Ora, a metafísica em sua essência ela tem como essência um caráter religioso, apesar de toda sua racionalidade, pois tem um caráter de tentar ligar( "religare grego") o sensível ao não sensível.
Fica fácil perceber a paixão de Nietzsche pelos pré-socráticos , bem como o por que das filosofias metafísicas gregas terem influenciado tanto Agostinho como Tomás de Aquino .

Hemerson



Hemerson

domingo, setembro 13, 2009

Ócio

Minha criatividade, minha inspiração, andam em manutenção.


Procurei até no buraco do Tatu.


Mas ainda caminho só, procurando.


Fotos: Nelinho 10 (Museu Niemeyer e Ilha do Mel)

terça-feira, setembro 08, 2009

Teatro do Trincante


..., sim, vamos novamente neste oficio, mesmo com a pecha de palavroso, exercê-lo sem o pudor que me é de direito de não tê-lo. Exercício este que anda contingenciado pelo tempo, que não tem um início e nem um fim, pelo menos, não nele mesmo. Gastei boa parte deste tempo ontem, observando as nervuras de uma folha caída perto da cachoeira, a nervura da folha se subdividia num reticulado de maneira infinita e totalmente aleatória, porém guardando um padrão dentro desta aleatoriedade. Lembrei de minhas aulas de cosmologia e de Benoit Mandelbrot, matemático descobridor da geometria fractal ou não euclidiana. Seguindo o conceito dos fractais a folha da cachoeira se comportava de maneira igual, apresentando uma aleatoriedade no sentido em que tomava suas nervuras, mas ao mesmo tempo reproduzindo um padrão, como se houvesse uma organicidade dentro deste caos. Hoje sabemos que a natureza é por definição caótica, a condição inicial deste fenômeno não serve de base para prever sua condição final. Esses padrões se reproduzem nas formas das nuvens, dos flocos de gelo, no relevo das montanhas, nos afluentes de rios, e também para o comportamento da atmosfera, que por definição também é caótico, necessitando de super computadores para gerar seus modelos, ou mesmo em tantas outras estruturas geométricas da natureza. Porém de acordo com escala que se observa a natureza podemos ver reproduzir o padrão aleatório da figura, que por sua vez não segue nenhum padrão identificado pela geometria tradicional (euclidiana) , é como se fosse algo disforme, mas que quando visto dentro deste contexto assume forma e sentido. Daí o porque de se ater algum tempo em uma folha de arvore. O tempo exíguo do Big Bang, o mesmo tempo que a velocidade e a matéria o deformam, o tempo dado a elaboração de formas, espaços e geometrias intrincadas da natureza. Toda vez que entro na cachoeira do Souza experimento dimensões não euclidianas, é como se o vapor e a queda d'água e fossem um Gate do universo paralelo:

quarta-feira, setembro 02, 2009

Ontologia II

Existe realmente uma verdade imanente à metafísica, ou mesmo nas coisas?
Poderia citar Pessoa, para quem, “existe metafísica o bastante em não pensar em nada”. Creditar uma substancia a verdade é o afã da metafísica em busca pela sua legitimidade. O que é imanente a metafísica na verdade parece ser o que a torna transcendente. Seus postulados sobre a verdade, o belo, o mundo supra-sensível, o mundo das substancias é o que há de inatingível ao homem, necessitando sempre de sua transcendência, para mais uma vez se ligar novamente a imanência humana, a razão.
Não creio na morte da metafísica, muita embora, algumas vezes desejasse vê-la morta, mas as minhas consternações ontológicas não a deixa fenecer, toda vez que em mim transforma o Ser em um ente de razão. Toma minha singularíssima pessoa como acidente de uma substancia inatingível, e minha existência como um Ato a desconhecer a Potência que lhe pôs em movimento.
Essa é a grande peça que a metafísica nos prega, a fuga é um encontro, o transcendente é o imanente, a excitação do Ato condicionado à Potência e a substância freqüentemente constrangida pelo acidente.
O que nos dá algum alento nessa consternação ontológica, talvez seja a concepção de Ser e o Tempo de Heidegger. Onde essa possível substancia ontológica só encontre seu sentido dentro de uma dimensão temporal. Em outras palavras não existe uma essência a priori do Ser, o que existe é o Ser no Tempo. Ou seja, a existência. O que serviu de base para o existencialismo com a celebre frase do Sartre. “ A existência precede a essência.”
Talvez essa seja a saída entre antítese e a verdade metafísica: A existência que não me deixa mentir.

terça-feira, setembro 01, 2009

ONTOLOGIA


A morte da metafísica pressupõe uma antítese
Tal antítese caracteriza uma verdade
Recorrer à verdade que contrapõe a metafísica é redundância
Pois a verdade é sempre metafísica.

Fabiano Baldi