domingo, setembro 26, 2010

Para ler um poema



Sentada no trono
Entre a dor e o alívio
O tempo certo para
Abrir o livro
um poema

O tempo certo
Para saborear as palavras
Leio e dou a descarga

Luciana Bertarelli

segunda-feira, setembro 20, 2010



A ORIGEM

A origem é um filme intrigante, protagonizado por Leonardo de Caprio (Dom Cobb) é um espião clandestino especialista em roubar segredos do subconsciente, enquanto dormem Cobb controla o seu sonho e então entra no sonho da sua vítima e a manipula, e por tal habilidade é procurado e perseguido pelo mundo da espionagem onde se encontra envolvido numa trama com produção típica de cinema americano, e para se safar, Cobb teria que cumprir um crime quase perfeito planejado junto a uma equipe de espiões. Ao invés de roubar pensamentos teria que implanta-los, mas somente Cobb era capaz de capitanear esse grupo através de sonhos compartilhados.

Apesar de ficção, o filme apresenta especulações no campo, psicanalítico e fenomenológico, Cobb possui fixação em entrar no sonho, pois tem um caso de amor com a sua mulher que até então havia se suicidado.
Ellen Page interpretada por Ariadne é parceira de Cobb e responsável por arquitetar os sonhos; em uma das cenas, submerso, e no controle do sonho partilhado, Cobb e Ariadne caminham pela cidade criando imagens surreais e percebem que as pessoas que ali transitam estão em simetria com os seus sonhos.

O roteiro apesar de complexo, envolve- te numa trama metafórica dos sonhos dentro de outro sonho, formando três estágios de sonhos, carregado de carga emocional, a dinâmica interativa da perseguição insere o espectador dentro do pesadelo. O longa do diretor, produtor e roteirista Cristhoper Nolan, deixa sua marca de cinema pós moderno, abordando de modo ensaístico, o perene em meio a hiper produção Hollywoodiana, e como se não bastasse, Nolan termina com um desfecho enigmático.

Fabiano Baldi

A ORIGEM

Título original: Inception

Duração:148 minutos (2 horas e 28 minutos)

Gênero: Ação / Ficção Científica

Direção: Christopher Nolan

Ano: 2010

País de origem: EUA / REINO UNIDO

domingo, setembro 19, 2010

Luciano e o Youtube

Encontrei nosso ilustre comuna Luciano Machado neste Sábado e ele, sem senha e sem memória, solicitou a inclusão desse vídeo aqui, uma vez que o comuna não menos ilustre Alexandre não atendeu ao pedido dele. Então ... soca a porva!
(clique no Título)

quinta-feira, setembro 16, 2010

Toy Store

Dizia o anfitrião, que era cara do bebê de Rosemary, temer pelas gafes em público. Mas ninguém, como eu, percebeu, já que divagavam na forma esguia e não se reparou no raro valor da ourivesaria
Só tinham mesmo olhos para ela, a manequim da franquia, Fissurada por olhares dos passantes em frente a vitrine, por balas, consumos compulsivos, pedras, álcool, caratê boliviano e cocaína.Tinha a face de talco, lívida, estática como uma plumagem congelada no seu coração de alvenaria.
Até que um dia saiu da butique e atravessou a avenida. Levou as crianças da seção de brinquedos para praia, abriu o guarda sol, o Cem Anos de Solidão e, pensou em fundear na baía para negociar com os armadores sonhos, eternidades e as crianças que trazia; as suas crianças da areia e a minha, as da água, do além mar, do vento, as crianças ultramarinas, as do amor, as do além dor, as crianças anestesiadas da tabacaria.
Que tomam alcalóides, sorvem barbitúricos e solfejam a alegria. Brincam ao abrigo do sol, com seus castelos, e refratam nos olhos de areia o calor e a luz da pira, refletida nas baixelas seu lume, o polido, opaco lustre da prataria, da loja de departamentos que jaz sem os seus dois manequins que romperam a paralisia.
Na hora do acontecimento, eu mesmo nem percebi, só me dei pelo ocorrido quando os vi, com seus corpos nus e estáticos na praia, em estágio avançado de decomposição pela maresia!
Dizem que o crime foi por motivo torpe. Por um consumidor que havia comido demais na praça de alimentação e ao chegar na loja, percebeu que o manequim, jamais serviria.


quinta-feira, setembro 02, 2010

Pós Leitura II

Com a evolução técnica dos suportes materiais do signo, o homem pode suscitar outros imaginários, mas não necessariamente em detrimento de outros!
Com a evolução técnica dos mídias eletrônicos, muitos se apressaram em vaticinar o fim de vários outros suportes que os prescendiam. Assim como, quando surgiu o cinema vaticinaram o fim do rádio, quando surgiu a televisão vaticinaram o fim do cinema e etc.. O rádio está mais vivo do nunca! Talvez por ele (o rádio) ser um meio de comunicação que McLuhan conceituou de quente, enquanto a TV de meio frio.
O livro digital, seguindo a lógica de McLuhan, é frio e o livro convencional é quente. Concordo com SM, não creio no fim do velho livro, a sua materialidade será o ponto chave nessa relação entre este dois suportes.
O livro digital, ou e-book, é bom por uma questão utilitária. É bom por exemplo para quem precisa ler uns 3, 4 ou5 livros de uma vez, pra quem está defendendo uma tese, uma pesquisa etc.. Não dá pra você andar pra cima e pra baixo com uma caralhada de livro debaixo do braço.
Tirando o utilitarismo da leitura, será a materialidade do livro convencional que contará! A técnica é portadora de significado, a própria técnica que estrutura o suporte sintático já é portadora de sentido, um sentido que prescede e é independente do conteúdo que este suporte pode veicular.
No caso do livro convencional a sua materialidade veicula um sentido que independe de seu conteúdo. É aí que, o que o Gurdura disse em seu comentário me fez total sentido! A história do Bruno Munari, que criava livros para crianças que ainda nem eram alfabetizadas, confeccionando só o objeto livro, em suas mais variadas formas, sem nenhum conteúdo escrito! Isso é a prova cabal que a própria materialidade do livro já é portadora de significado, independente do que nele esteja escrito! O material e a técnica com que Bruno Munari confeccionava seus livros já tenciona um sentido, que hora pode ser lúdico ou estético, mas sobretudo, um sentido específico, do imaginário que a técnica que constitui tal materialidade pode suscitar.
Mas que sacada desse Bruno Munari! Vejo também pelo meu filho, que se relaciona com esse objeto sem mesmo saber ler.
É, acho que McLuhan tinha mesmo razão, “O meio é a mensagem”.