domingo, outubro 29, 2006

Visita ao francisca Júlia


Corria como louco entre as árvores da floresta e ele me perseguia.O suor escorria sobre a testa até chegar aos meus olhos.Minha cara de espanto poderia ser percebida por uma câmera qualquer de cinema, até porque era cinematográfica a cena.Minhas pernas ainda estavam firmes ,mas com dificuldade para correr.
Era de manhã quando resolvi visitar meu amigo no centro clínico de reabilitação Franscisca Júlia, poeta parnasiana que acabou louca, mas isso não vem ao caso.Meu amigo apesar de ter parentes, eles não o visitavam, não gostavam muito do ambiente, o que não impediu de colocá-lo lá para retirar mais um porra louca do meio social que sabemos precisar de pessoas normais.
Quando entrei pela portaria às 10:00 da manhã Raul já me esperava vislumbrado e antes mesmo que o cumprimentasse ele me perguntou, Trouxe cigarros, estou louco para fumar.Meus amigos, vocês sabem o que é ficar sem cigarro, mas no hospício é muito pior.
Sentamos debaixo de uma árvore e Raul contava que tinha piorado muito, pois mesmo estando calmo o pessoal gostava de dar umas pílulas amargas e agora ele não conseguia ficar sem as danadas.Às vezes as pílulas acabavam e os internos antigos ficavam muito nervosos e para acalmar eles davam um choquinho, o tal sossega nenê.
Neste momento vejo um interno vindo sobre mim com uma faca brilhando, dessas que cortam bem carne para churrasco, nem penso e como instinto corro.Não imaginava que tinha tanta habilidade nas pernas e me lembrava quando corria ainda criança nas peladas de futebol.
Atrás de nós vinham os homens de roupão branco, que parece ser aqueles que aplicam as injeções para fazer nenê dormir, pedindo para o sujeito parar. O filho da mãe não parava e não dava trégua.Minhas pernas já não estavam tão fortes e comecei a pensar como deve ser a faca entrando no coração. O que será que sentimos.Minhas pernas fraquejavam.O coração parecia querer sair pela boca.Quem já correu da policia sabe o que é isso. Caio e fico pálido ao mesmo tempo. Pensei, às vezes pensamos rápido, vou morrer.
O figura para em minha frente e me fita rindo como um louco desvairado e não para. Penso comigo - Será que ele não vai me matar.Ele continua rindo com a faca brilhando em sua mão.Os homens de roupão branco estão chegando.O interno me olha e dá a mim a faca e diz: Agora é a sua vez.

By Hemerson

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que você é que correu primeiro. Afinal de contas, levou ou não levou o cigarro?
Samuel

Anônimo disse...

Era 1 vez uma mulher descabelada e desdentada que gritava com uma faca na mão. Sabe o q ela queria?
Passar manteiga no pão. rsrs

1 Beijo pro Chefe!

Anônimo disse...

Puxa!
Isso é o que podemos chamar de "jogos mortais".
Mandou bem!

Nilson Ares

Anônimo disse...

IA FAZER UM COMENTÁRIO, MAS ME TEU UMA PUTA VONTADE DE FUMAR! DEPOIS EU VOLTO, AI SERÁ A MINHA VEZ!
BEDENIK