quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Da ancestralidade ao ciberespaço


Em uma das cenas mais famosas do filme "2001 – Uma odisséia no espaço" (1968), do diretor inglês Stanley Kubrick, o macaco – nosso ancestral evolutivo – grita e lança ao ar um osso, e esse osso, numa seqüência épica, se transforma numa espaçonave a vagar...
O que a cena nos mostra é justamente um salto evolutivo de milhões de anos. O osso é o signo da primeira tecnologia, é pelo osso que o "macaco" vai interferir na natureza e transformá-la para que consiga sobreviver, se adaptar, e com isso melhorar paulatinamente suas condições de sobrevivência.
Mas o que houve entre a descoberta da primeira ferramenta e a exploração do espaço? Como o homem alcançou este estágio? Constatamos aí um contínuo aperfeiçoamento do que chamamos de tecnologia. Mas o surgimento e aprimoramento da tecnologia só foram possíveis graças à constituição de um código em comum – o que denominamos linguagem.
Imagens pictóricas, gestos, letras, números, a partir do momento em que o ser humano passou a usar estes signos para se relacionar em grupo, a sua evolução jamais foi obstruída. Imagens e gestos podem se perder no tempo, desaparecer. Porém quando o homem passa a "escrever" a sua experiência, gera registros os quais, mesmos os mais primitivos nos trazem informações preciosas de como poderia haver sido o seu passado longínquo.
\nA escrita é a nossa primeira tecnologia. E a linguagem vem com o intuito de organizar sistematicamente a forma de como a escrita deve se portar. Estabelecida uma linguagem em comum, a comunicação se torna eficaz, o conhecimento é compartilhado e o saber ampliado. \n\nGuerras, conquistas espaciais, revolução industrial, revolução da informação só foram possíveis por intermédio da linguagem. A linguagem é uma ciência – a primeira, e é só pelo fazer científico que nos encontramos neste atual estágio – no limiar de existir digitalmente em outro mundo, o ciberespaço, uma arquitetura baseada em milhões e milhões de combinações entre os algarismos 0 e 1 – a linguagem binária. \n\nO homem poderá em pouco tempo não só transformar (como já o fez), mas criar outro mundo com o uso da linguagem, modificar sua relação com a natureza, com o outro e consigo mesmo. \n",1]

Nilson Ares

3 comentários:

Anônimo disse...

Finalmente algo de ponta. Melhor que essa, só a minha que está guardada no porta-luvas do meu carro, e que hoje a noite, vou queima-la dando um rolé no quarteirão.
Penso assim também meu caro, a linguagem nos legou o salto epstemológico, e o conhecimento + desenvolvimento nunca mais parou.
Porém, para mim, a inferencia do homem na natureza para se organizar materialmente é que levou o desenvolvimento da linguagem, e não o contrario. Pode párecer materialismohistórioco demais, mas as vezes tenho que concordar com Bakhtin. O desenvolvimento só foi possivel pela liguagem, mas ele(o desenvolvimento) é muito mais uma necessidade material do que somente simbólica. E é aí que a tecnica entra, para melhorar a eficiência da organização material do homem e depois a eficiencia de sua comunicação.
Pelo menos é o que foi até agora, por que daqui pra frente, com a revolução digital e o advento do ciberespaço estamos presenciando um novo salto epstemológico, em que a liguagem, o significado humano, e toda dimensão simbolica de nosso mundo terá o mesmo peso que a dimensão material/historica teve para a formação da revolução industrial. Criando uma formação discurcisva variada, mas isso já uma outra história. O discurso é outra parada.
Coronel.

Anônimo disse...

Bom, muito bom mesmo.Espero que continuemos à partir de agora, afinal o carnaval já passou e vamos ressurgir das cinzas. O fato é que esse osso lançado poderia ser abocanhado por um cão voador,saído de um planeta distante.

hemerson

Anônimo disse...

Estamos vivos! Agora vamos sentar a pua de vez, até chegar a hora da WEB TV. Dependemos de tecnologia e de novas linguagens, então virá a possibilidade de novos e velhos públicos, se é realmente necessário um público...
S. Farias