terça-feira, março 13, 2007

Cavernas Eletrônicas

A filosofia nasce da questão humana de “perguntar e perguntar” sobre as coisas que o mito não deixava qualquer sombra de dúvida. Suas fases de desenvolvimento passam pela admiração, razão e poética; o despertar da atenção sobre um fenômeno, a busca pela explicação racional e por fim a produção substancial ou teoria explicativa sobre o mesmo, respectivamente.
E dentro deste ambiente de exercício filosófico, Platão se preocupou em perceber a relação entre o mundo das idéias e o dos sentidos. Para o filósofo o que era eterno e imutável pertencia ao mundo das idéias, já ao que flui, o que era efêmero, relativo aos acontecimentos, era composto de material sujeito à corrosão do tempo, estava vinculado ao mundo dos sentidos.
Mesmo assim, Platão não prescinde deste universo de percepções e ainda afirma que para se ter acesso ao mundo racional, é preciso ter contato com os sentidos de modo que se formule teorias para explicá-los.
A filosofia de Platão procurou responder às questões sociais de sua época, refletindo sobre política e educação. Sua mais conhecida “alegoria da caverna” mostra que o filósofo deve exercer o papel de educador, ao contar que no meio de um grupo de pessoas que viviam no interior de uma caverna, sem contato com o mundo lá fora, um dos prisioneiros consegue fugir e, ao contemplar o mundo exterior fica perplexo com a beleza, a cor e o movimento de uma realidade muito mais interessante e perfeita.
Então o prisioneiro volta e compartilha a visão com os demais. No entanto, todos acham a história ridícula. Preferem crer que as coisas são assim mesmo, do modo como vêem dentro da caverna.
A educação concebida por Platão é muito bem demonstrada neste texto. A caverna, lugar de sombras e ignorância é iluminada pelo saber do filósofo, pois é o único capaz de fugir da caverna e olhá-la de fora, por intermédio da razão. O saber e a ciência estão lá fora. Dentro da caverna é só atraso, e o pior é que muitas vezes não é percebido.
Para Platão, os educadores devem “forçar a saída” da caverna sempre, por intermédio da educação com seus procedimentos que conduzem à verdade, pela razão que transmitirá uma imagem especular do mundo.
Estão registrados neste período os primórdios da ciência - sêmen da tecnologia, que com o aprimoramento da linguagem foi saltando no tempo até nos deparamos com uma realidade tecnológica perplexa que não podemos sequer tocá-la, por talvez estarmos enclausurados numa “caverna eletrônica” repleta de estímulos visuais que confundem nossas idéias; algo como a Biblioteca de Babel de Borges, ou a Matrix dos irmãos Wachowski, resta saber quem serão os sábios para nos livrarem desta.

Nilson Ares / Control C press

Um comentário:

PIK disse...

Este mito possui quatro vertentes possíveis:
1 conhecimento
2 política
3 artistica
4 religiosa
você mostrou muito bem o político e valerá muito para quem o ler.
Um abraço, e devemos passar a senha a todos que estão a fim de escrever.

fui
Hemerson