segunda-feira, agosto 20, 2007

A Arte nos Tempos da Reprodutibilidade Técnica

Caríssimo Frei Tito, concordo contigo a principio em sua ultima postagem, mas existe algumas questões pertinentes à sua observação sobre a técnica que gostaria de comentar, mas acabou saindo uma coluna.
A banalização do objeto estético pela sua reprodutibilidade técnica é algo que vem chamando a atenção desde os Frankfurtianos, como Adorno e Benjamin, este ultimo, até elaborou um estudo chamado “A Arte nos Tempos da Reprodutibilidade Técnica”
Gostaria de chamar a atenção não somente para a técnica de execução de uma obra de arte mas também de sua difusão e reprodução. A escola de Frankfurt foi pioneira na análise material histórica, identificando a expansão do consumo no inicio do século passado propiciado por um rearranjo do sistema produtivo que aferiu ganhos de escala na produção e a criação de novos produtos, através do Taylorismo e do Fordismo, a partir desse momento a arte também passa a ser concebida como produto que pode ser reproduzido em escala industrial para consumo massivo, e os meios técnicos de difusão e reprodução que começaram a ter um salto de desenvolvimento nesse momento foram decisivos, a começar pelo o rádio.
Mas antes de considerar a técnica a premissa básica da cultura de massa, é preciso conceitua-la, e dizer que a técnica, assim como a ciência, nunca é neutra, e sim carregada de valores,ela sempre vem acompanhada de um programa de transformação social, que pressupõem um projeto ideológico definido, e que tensiona um significado na organização cultural. Por tanto, a técnica por si só já é portadora de significado mediante qualquer conteúdo veiculado por ela, é o que McLuhan diz quando “ o meio é a mensagem”, o próprio significado material da técnica(o meio) prescinde de qualquer significado (a mensagem) veiculado por ela.
Walter Benjamin tinha razão, ao dizer que o significado do valor estético do objeto artístico estava trasladando do objeto para o significado do aparato técnico que o reproduzia. Em outras palavras, é o que o Andy Warhol fazia na arte pop, um exemplo clássico são as serigrafias da Marylin Monrooe em que ele fez reproduzindo o rosto dela em várias cores, na verdade o objeto estético dele não era o rosto da Merylin e sim como ele reproduziu o seu rosto e qual técnica utilizada.
Hoje essa questão toma um contorno ainda mais complexo com as tecnologias digitais. Pois quando num momento histórico anterior a este que vivemos, em que os suportes sintáticos eram definidamente separados, como o da música não era o mesmo da fotografia assim como este também era incompatível com o do texto, hoje há uma convergência entre os suportes sintáticos fazendo com que todos os signos sejam exprimidos em bits, esse bit serve de suporte pra qualquer outro signo independente de sua natureza. Os signos encontram-se realcionados em uma nova dimensão socioespacial em que o materialismo histórico tradicional talvez não nos traga modelos de análises satisfatórios para compreende-los, dimensão essa que se convencionou chamar de ciberespaço.
Veja a música por exemplo, em que existe uma grande disponibilidae de registros fonográficos, que podem ser recortados e colados como samplers que podem muito bem ilustrar um jingle para as massas, ou servir de suporte para manifestações musicais de cunho multicultural como Lenine faz em “Pernambuca falando para o mundo” com samplers de Jackson do Pandeiro. Ou mesmo os vídeos que podemos fazer e postar nesse blog, juntamente com os textos, fotos, e quem sabe, quando a rádio digital estiver operando no Brasil, a nossa rádio Comuna Piraquara.
Assisto, confesso, com certa perplexidade a isso tudo, a modernidade tardia ou como muitos preferem, como Lyotard, a pós modernidade. Mas isso já é um outro debate.



Não é o poder da imagem ou o poder arrebatador da voz que decide a grandeza da criação mas a eficiência das maquinas reprodutoras e copiadoras - fatores muitas vezes fora do controle. Andy Warhol tomou essa situação como parte integral de sua obra, inventando técnicas deram cabo da própria idéia de original, importando muito mais as copias vendidads do que o que estava sendo copiado.
(Zygmunt Bauman in Modernidade Liquida)
Este livro do Bauman está com o Marcinho, quem quiser pode pegar!





7 comentários:

Anônimo disse...

"Este livro do Bauman está com o Marcinho, quem quiser pode pegar!"
PORRA nenhuma seu filho da puta.

Sarsa

André Luiz Rozaboni disse...

ahahahahaah.....agora ele da livre arbitrio para tomar posse de coisas que ele empresta e reempresta.

Marcio disse...

ainda em que o sarsa já sse manifestou.

Anônimo disse...

agora eu vou dar o meu testemunho técnico.
eu acho que o grande avanço da modernidade, culturalmente, foi nivelar no mesmo patamar qualitativo todas as técnicas. não há hierarquia de meios poéticos, está tudo aí pra se lançar mão. o problema é seu o que vai fazer com isso.
se vc vai usar uma técnica que já era usada há três, quatro mil anos, não por isso, mas por te oferecer o resultado expressivo que tá procurando; se vc vai digitalizar isso e modificar com as ferramentas versáteis de informática, não importa nem um pouco, não há nada de novo nisso. Mas a partir daí, o que será dito? o que se quer construir?
e aí é um problema pq a sociologia explica muita coisa, e faz isso de uma maneira cada vez mais empolgante, mas não dá nenhuma pista para o próximo passo.

Alê Marques disse...

É Gurdureira,
Estava esperando mesmo seu comentário, desde aquela conversa que tivemos nas férias lá no litoral, a quetão ainda não foi bem resolvida?
Você pode inovar utilizando uma tecnologia de 1000 anos atrás. Mas o problema não é só mais uma inovação, mas o que elas têm feito com a gente através do meio digital, criando uma hiperealidade com signos autodeterminados e autoreferentes, fora de controle, essa talvez seja a originalidade.
E o que posso te dizer, é que não há nenhuma pista para o próximo passo.

Anônimo disse...

o próximo passo já fora dado...
Sir Farias

Marcio disse...

na verdade, as questões, para o bem ou para o mal, ao invés de se resolverem se desdobraram...
esses signos auto referentes da hiper realidade são os sinais do suicídio ontológico em massa que se aproxima. quem quizer ser salvo que me siga!