sexta-feira, outubro 05, 2007

O Céu de Ícaro Tem Mais Poesia do que Galileu

J. P. Vernant nos fala, quando narra sua primeira viagem à Grécia, no início de seus estudos de helenista: “navegava, à noite, de ilha em ilha; extendido no convés, olhava o céu por cima de mim, onde a Lua brilhava, luminoso rosto noturno que projetava seu claro reflexo, imóvel ou oscilando sobre a obscuridade do mar. Sentia-me deslumbrado, fascinado por aquele suave e estranho brilho que banhava as ondas adormecidas(...). O que estou vendo é Selene, dizia para comigo, noturna, silenciosa, brilhante (...). Muitos anos depois, ao ver na tela de meu televisor as imagens do primeiro astronauta lunar saltitando pesadamente com seu escafandro no espaço de uma desolada periferia, à impressão de sacrilégio que senti juntou-se o sentimento doloroso de uma ferida que não poderia ser curada: meu neto, que como todos viu essas imagens, já não será capaz de ver a Lua como eu a vi: com os olhos de um grego. A palavra Selene tornou-se uma referência meramente erudita: a Lua, tal como hoje surge no céu, não responde mais por esse nome”( in O Homem grego, org. JP Vernant, editorial Presença, Lisboa, 1993, p. 8). APUD Olgária Matos

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa...ainda bem que você vai ficar ocupado com fraudas logo,logo e vai parar de mandar essas merdas pro ar.Ah,ja to no quarto mês viu...chega de fruta e chocolate...