sexta-feira, novembro 14, 2008

A Cidade

Ruas sem fim, artérias.
Avenidas sem fim, asfalto, imensidão.
Céu cinza.
Almas insignificantes.
Luzes somem no horizonte
E a cidade não termina.
Prédios, casas, viadutos.
O tempo gastou a paisagem
E tudo ficou consumido pela noite.
Almas cansadas.
A cidade nos devora
E impõe seus caprichos.
Rainha tirana, alma sombria, ser cruel.
Nós estamos em você,
No teu sangue escuro,
Nas artérias obstruídas,
Nos desvãos do seu corpo.
Às vezes você aparece despida
Sem maquiagem, nua.
Apenas seus olhos parecem vestidos
De tristeza, de dor e nuvens escuras.
Eu tentei evitá-los,
Mas somos um amor proscrito
Inevitável, seres entrelaçados
Vontade de fugir, necessidade de possuir
Impulsos tiranos, alma afogada
Um corpo boiando no córrego sujo.
Água, detritos industriais, lixos
Beijos tóxicos,
Libertação asfixiante
E outras saudades.


Jorge Pessotto

3 comentários:

Anônimo disse...

The bad city, the beautiful city. There are big problem my friend

Nilson Ares disse...

Bela tacada caro Jorge!
Poesia pura e doída, sem mertiolate...
Nem band-aid ou qualquer emplasto efêmero.

Linda!

Marcio disse...

por essas e outras que o urbano me fascina!