quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Só a Antropofagia nos Une


Esta metafórica frase do título acima proferida por um baluarte do modernismo brasileiro, neste mês, trasladou da metáfora para seu sentido literal.
Chegou-me a noticia, com o deley natural de quem não assiste muita televisão, que membros de uma etnia indígena, os culinas, no interior da Amazônia mataram com aproximadamente 80 facadas um jovem e, ao que os indícios levam crer, comeram algumas partes de seu corpo.
O fato vem gerando controvérsias, para Funai, já não existe a prática de antropofagia no Brasil contemporâneo. Outros sustentam que o ritual antropofágico tenha se incubado na memória das etnias, nos mitos e valores guerreiros e que agora tenha sido posto em prática, o que parece inverossímil. Mas o fato é que as populações ameríndias, o que não é privilégio só do Brasil, fizeram deste ritual uma prática contumaz. Tomamos os exemplos como os do Bispo Sardinha e de Hans Staden.
Dessa maneira, se caso sendo um ritual de antropofagia adaptado a nossa contemporaneidade, até onde iriam os limites do relativismo cultural para julgar esse homicídio dentro da especificidade da etnia em questão, levando-se em conta seu contexto cultural e antropológico? Como já houve casos de infanticídios, em que índios matavam seus filhos ao nascerem com problemas congênitos, por julgarem que nenhum índio pode depender de outro para viver.
Porém, por outro lado, se se tratar de um homicídio qualificado, com vilipendio de cadáver, como enquadrar tal etnia no código penal? Ao que parece, mais uma vez Oswald de Andrade tem razão. Já que agora, tal ato antropofágico polariza o código moderno da sociedade contemporânea brasileira com o contexto de etnias que remontam a pré-modernidade de nossa organização. A população ameríndia que para esse mesmo código durante muito tempo se constituiu como uma forma imperfeita de humanidade revela-se num tribalismo que avilta a morada da alma do cristão.
Mas essa celeuma é mais uma ação que se aproveita de fato bizarro para enquadra a população indígena em seu estereotipo de selvagens. Já posso ver tais selvagens à frente do juiz, com uma parede ao fundo e um crucifixo pendurado dando legitimidade à sentença.







6 comentários:

Anônimo disse...

É meu amigo, a questão ética é complicada. Afinal, se formos colocar tudo no campo do relativo, damos campo a permissividade que se justifica pelo caráter cultural. Como a ética não é universal e pegando o critério grego que devemos ser éticos ante a sociedade em que vivemos a conduta indigena se sustenta, mas como o homem branco é detentor do poder, é possível que os caras não tenham a quem justificar.
Piquitito

Anônimo disse...

Não da pra perder tempo com essas picuinhas em tempos modernos.

Ja disse, O Governo desapropria todas aldeias indigenas e lhes beneficiam a cada uma familia indigena, com uma casa própria.

Eles serão introduzidos a sociedade e conquistaram sua dignidade, comprando bens de consumo , trabalhando(coisa que culturalmente eles não gostam)e pagando suas continhas de agua, luz, telefone e claro, a cachaça, além de ter de respeitar e responder a uma constituição de uma civilização um pouco menos primitiva.

Iriamos economixar uma grana com FUNAI e todas essas merdas que aparece no dia do indio também;;;

FREI

Anônimo disse...

E eu que sou um Czar,vai cagar Frei.

Tito

Anônimo disse...

enquanto o juiz julga o coronel vai ser o da defesa ou o do ministério público...grandes colocações, uma pena que o frei não entendeu nada e continua na mesma com a questão...

Anônimo disse...

Com diz o Coronel: "Quem come de tudo está sempre mastigando alguma coisa". Se a cultura for essa, tem que permanecer, só que entre eles".

N. Ares

Anônimo disse...

Caros fiz um curso no Sesc sobre o simbolismo no objeto da arte, e a Prof indicou o livro que era o principal do curso:
O paradigma perdido 1991
Autor: Edgar Morin
Editora: Publicações Europa-América; (ISBN: )
Sinopse:

O interessante foi que ela falou justamente sobre o totemismo, o outro (alteridade), e muito Oswald de Andrade.

Eu li a resenha do livro, mas estou muito curioso em lê-lo.

abraços