sexta-feira, agosto 21, 2009

Com licença Caronte.



Com licença Caronte.




“O despertar da consciência traz consigo, algo deveras maravilhoso e deveras tenebroso; a clareza do ponto em que sua vida se encontra e a lucidez turva de que este ponto pode estar muito próximo do último”.
Por Alves de Souza


Muitas das questões acerca da existência partem da busca pelo entendimento, da razão pela qual aqui se está, e principalmente para onde se vai, e entre um momento e outro, nesse meio do caminho, há ainda indagações que colocam cada indivíduo num pilar próprio, com sua coluna, que dependendo do comprimento permite ou não uma visão menos reduzida da vida e sua “função”, “necessidade” ou coisa do gênero. Talvez esse seja o maior dilema existencial de todos os tempos, o que ocupa a maior página no diário da humanidade.
Na mitologia grega, o objetivo final a se chegar, depois da morte era na outra margem do rio Aqueronte, onde as almas pudessem encontrar relativa paz. O responsável pelo transporte das almas para o outro lado do rio era Caronte, filho do Erebo e da Noite, o encontro com Caronte era “inevitável”, ao menos para aqueles que não lhe pagassem o devido transporte. Em inúmeras guerras, conflitos, onde houvesse o risco de morrer, todo homem devia levar consigo a quantia devida ao barqueiro, para que não corresse o risco de se ficar preso ao mundo ou reino da terra, vagando. Por isso todo indivíduo que entrasse em óbito deixava uma missão para seus filhos, companheiros, ou quem quer que fosse; _ quando morrer deposite em cada olho meu uma moeda de ouro, para que esta me garanta o embarque definitivo.
O mito de Carontes serve, neste caso para uma reflexão importante acerca do valor em que se deseja pagar para seguir na viagem da existência, ou quanto se está pagando, que preço é cobrado para que se exista de maneira menos fragmentária. A famosa frase atribuída por alguns a Maquiavel, que diz; “que os fins justificam os meios”, revela um ponto importante na caminhada da vida, ou seja, o desapego completo de qualquer princípio asceta, o que observado com proximidade, distancia o indivíduo do Hiperbóreo, aproximando-o das prisões, amarras e engodos cotidianos.
A existência pensada nos extremos contribui menos para o homem, do que vislumbrada e sentida no meio, no entre, porque é neste em que os eventos acontecem, sendo determinada a quantia paga a Caronte, se serão moedas de ouro, prata ou bronze, bem-vindas, ou as rejeitadas de ferro em oxidação ou de chumbo, densa, inútil.

4 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que a passagem para o outro lado do Rio, seja o amor ao próximo, boa vontade, o discernimnento, o equilíbrio.

De fato são coisas difíceis de mantê-las.

Mas custoso ainda é observar qual é o tipo de passagem, às vezes tão simples, e que se torna invisível para muitos.

Bela Alegoria

Abraços

Prata

el Samu disse...

Confesso que "o quanto pagar pela viagem da existência" me fez lembrar as Casas Bahia... e em tempos de liquidação da vida é melhor sempre carregar com sigo um valor simbólico em detrimento a monetarização do indivíduo ou de sua viagem.

Seja bem vindo e compareça as reuniões no escritório com periodicidade!

Alê Marques disse...

Sim, às reuniões com priodicidade!

Anônimo disse...

Bravo,bravo,bravíssimo!
Luz de vela.