segunda-feira, agosto 17, 2009

Política Espaço / Seminal Moderna

A problemática urbana ganhou contorno que se intersecciona com diferentes campos epistemológicos do conhecimento, trazendo-nos um exercíco de método dentre eles: o existencialismo, a fenomenologia e a semiologia (não é a toa que o livro seminal da geografia crítica chama-se Espaço e Método). Cenário típico de nossa posmodernidade, é exatamente essa contestação das narrativas que tentam abarcar a totalidade do espaço construído.
Porém, contrariamente ao que o Anselmo pôs em seu texto, não considero que haja um esvaziamento do signo urbano, existe uma série de pensadores que vêm constatando exatamente o contrario tais como Cosgrove e Paul Claval, dentre outros da Geografia do Imaginário, que partem do pressuposto que todo imaginário social é também imaginário geográfico, porque embora fruto de um atributo humano, a imaginação é alimentada pelos atributos espaciais, criando desta maneira os espaços míticos.
É por isso que contrastamos tanto com a política cultural do estacionamento, porque os homens se reportam nostalgicamente a espaços míticos, tais como antigos casarões, cinemas, praças e etc..elegendo algumas imagens à condição de metáforas e metonímias que ordenam sua dimensão socioespacial.
Assim, a paisagem considerada como entidade concreta foi objeto de uma ampla apreensão técnica, a mesma técnica que nos recorremos constantemente para nos libertar da aleatoriedade da natureza é o que media o espaço e o homem e cria suas metáforas espaciais para ordenar outros sentidos na paisagem. E o parcelamento, as políticas de uso e ocupação do solo urbano seguem da racionalidade técnica do capital.
Aí encontramos um outro viés do estudo do espaço urbano, que é a semiótica espacial, em nossa posmodernidade o que houve sim, foi um inflacionamento de sentidos dentro do signo. Para Bhaktin todo signo tem uma base material, e a materialidade do signo urbano é a própria técnica que constrói a cidade.
Se a técnica está na base da construção do signo e também do espaço, e sendo a técnica não neutra mas sim portadora de significado, o espaço e o sentido urbano não é uma aleatoriedade ou uma gratuidade da mesma, mas sim uma intrincada relação material e dialética, que necessariamente é desigual e combinada.
Sob esse aspecto, a posmodernidade critica justamente essa racionalidade que faz com que os espaços carregados de sentido sejam destituídos de seu uso simbólico para dar lugar ao uso meramente utilitário do espaço, que no caso dos estacionamentos só servem mesmo para guardar carros. Precisamos de uma reforma fundiária urbana para se criar uma outra relação de sentido e do imaginário.

3 comentários:

Anônimo disse...

Trautman,

Reforma Fundiária Urbana, boa!

Diga isso ao Edir Macedo. rsrsrs

Sobre a relação tempo/espaço/técnica intrísecamente, como matéria em movimento. Olhe só o Calvino:

Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.
As Cidades Invisíveis P. 15


Abraços

Prata

Anônimo disse...

Boa essa do Italo Calvino.
Isso o que ele fala em As Cidades Invisíveis é o que Milton Santos chama de rugosidade do espaço urbano.

Coronel

Anônimo disse...

Tem razão!

boa medida.

inté

Prata