quinta-feira, outubro 22, 2009

A ilusão e a vitrine



Quando criança na casa de meus avôs, onde fui criado, era uma briga por espaço, espaço para tudo. Para o banho, na mesa do almoço, nas divisões de tarefas domésticas, no armário, na sapateira, enfim, éramos em 12 pessoas, tem base?
Devido à quantidade de pessoas, meu avô (que chamo de Pai), funcionário da Prefeitura, com o orçamento exprimido, nos presenteava uma vez por mês após o almoço de domingo, com dois queijos Minas e uma barra de goiabada cascão. Era alegria geral. Minha avó então repartia em doze fatias e cada um se deliciava com o doce.
Aparentemente, éramos felizes e satisfeitos, não havia quem não quisesse a sobremesa.
O tempo passou, como histórico que é, minha avó já não está entre nós, mas aquele gesto, aquela ação eu nunca esqueci.
Hoje , vinte anos se passaram, e após o almoço, às vezes, procuro um doce, entro nas padarias da vida, e aí é o problema.
Tortas, bombas, beijinhos, brigadeiros, quindins cocadas, pés de moleque, Maria moles, ambrosias, sorvetes, bolos, balas, cremes e tudo que vai sacarose.
E então o que comer?
A questão não é escolher um doce, é negar todo o resto, e correr o risco de se arrepender, caso o confeiteiro não estivesse bem no dia.
Saudade mesmo é da sobremesa na casa de minha avó.

Prata Preta

2 comentários:

Alê Marques disse...

Gostei muito da singeleza!!

Anônimo disse...

que delícia de lembrança prata! saudações. S.Farias