quinta-feira, novembro 26, 2009

Pare, pense, respire

Já que aqui virou meu querido diário, gostaria de relatar algumas experiências. Há muitos anos, dois alunos meus brigaram dentro de sala de aula, carreguei os dois pelo puxador da mochila até a diretoria, arrastando os pés deles no chão. Hoje dois alunos meus brigaram e precisou da diretora impedir que eu batesse nos dois. Foram preciso umas cinco pessoas para me acalmar, não ia bater nos meninos de soco, mas ia pegar me chinelo e descer nos dois. Ia mesmo, mas me deram água com açucar. Os alunos, que estavam errados, vieram pedir desculpas e me abraçar quando eu estava mais calma. Acho que ficaram com medo de mim. Mas daí fiquei a viagem de volta me perguntando, eramos tão violentos na idade deles? Será que eu já sou aquelas que no meu tempo? Por que meus alunos insistem que tudo resolve-se nos socos? E depois de serem levados até a diretoria resolvem na conversa? Qual a importância da violência na formação de quem somos? Eu cresci com anuncios horrendos da Guerra Fria no Jornal Nacional e no Fantástico e não tinha controle remoto para trocar de canal e nem voz. O botão era de girar e fazia tec-tec-tec. Escutava sempre 'os eua tem o poder de destruir o mundo vinte milhôes de vezes', quer violência pscicologica pior? A violência estava ali, pra qualquer um ver, imaginar e apalpar. Fui no cinema do centro, ao lado das casas bahia assistir Robcop, um dos maiores filmes de violência da história. Não tinha doze anos. Assisti Batman no cinema e vi o Coringa voar lá de cima. Pulp Fiction assisti com uns catorze quinze anos e depois assisti Transpotting! Hoje ficamos numa censura falsa, assustados com torcidas organizadas, com pessoas de universidades gritando com moças de minisaias usadas por apresentadoras de televisão em programa de domingo, fingimos espanto quando vemos pessoas gritando umas com as outras bebadas, nos sentimos mal, mas por que? Acho até que já escrevi sobre isso aqui, mas quero pão e circo, panis et circenses, devolta! O tempo todo tento provar para mim que não é preciso violência, vamos conversar, vendo esse peixe para os meus pobres alunos que me escutam e me sinto super bem de fazer algo bom, mas tem hora que HAAAAAAA!! No trânsito principalmente. Sempre me lembro do desenho do pateta. Não sei porque, queria estudar um pouco mais sobre isso, mas as cobras são mais amáveis que o ser humano, fiquei com elas e deixo a porrada correr.
Bibliografia: Pedagogia do Amor. Chalita, Gabriel

3 comentários:

Anônimo disse...

Maria, tentamos calar nossas perversidades nos outros. A crueldade é inerente e a polidez não. Acho que a maior prova disso são as crianças. A educação as transforma. Tem de ser assim. Vivemos em aglomerados. Por isso criamos mecanismos para a ordem.

Acho que, em qualquer epoca, existiram as mesmas gamas de pessoas. Talvez hoje elas estejam mais acentuadas e se delimitando cada vez antes.

Abraço.

S. Maia

Alê Marques disse...

Faço as minhas, as palavras de SM. Acho que já deva ter lido, mas isso que Maria e SM comentou é freudiano. Segundo Freud existe duas punções no homem, a primeira é Eros(que todos já sabem o que significa) asegunda é Tânatos, que faz referência a morte, a destruição e violencia.
O pensamento de SM vai nesta linha, quando diz que " A crueldade é inerente e a polidez não".
Eu já vi a Maria dando uns cola nos muleque, parece que o mundo acaba. É uma coisa que já quis fazer e não tive coragem. Medo do ECA talvez? Ou talvez devesse deixar rolar mais o Tânatos na parada.

Maria Angélica Davi Costa disse...

ECA ECA ECA

Vocês sempre conseguem dizer mais que eu.

Freud deve reinar mais minha vida do que eu sei.

"A crueldade é inerente e a polidez não", sem palavras.