Recentemente os erros de arbitragem cometidos na Copa do Mundo trouxeram a baila o uso de tecnologias no futebol, tecnologias já disponíveis de fácil acesso capazes de ampliar a percepção humana e aumentar a assertividade do julgamento de uma partida, que no estádio, por todos os motivos óbvios e pela própria condição humana do árbitro, torna-se impossível aferir com precisão a validade de determinadas jogadas. A própria FIFA é refratária ao uso de tais tecnologias muito provavelmente pelo temor de como essas tecnologias podem influenciar a nossa capacidade de decisão.
O fato é que a técnica altera decisivamente a percepção do espaço e do tempo, e por conseguinte suscita outros imaginários. A subjetividade e a imprevisibilidade não fazem parte da máquina, uma prerrogativa da mesma é a objetividade e a neutralidade, contrários ao que se tem na natureza. Aliás, o objeto tende a ser perfeito quanto mais “tecnicizado” for, criando uma simulacro da natureza, quanto maior o conteúdo técnico agregado mais a natureza estará perto da perfeição.
A objetividade e a neutralidade já foram postos a prova no início do século passado com a fenomenologia de Heiddeger e também pela física, que colocou em xeque os postulados da prática científica calcados na previsibilidade. Uma dessas acepções foi o Princípio da Incerteza, de Heisenberg (1927), que afirma ser impossível medir com precisão e simultaneamente a velocidade e a posição de uma partícula atômica. Coisas que o Capra sempre falou.
A imprevisibilidade faz parte do modelo caótico e probabilístico da ciência contemporânea, da teoria do caos, que se torna ainda maior com o aumento da complexidade do sistema. Signatários dessa idéia nas ciências humanas estão Gilles Deleuze e Félix Guattari que também compreendem a realidade de maneira cambiante, não unitária, imponderável e caótica.
Não existe apenas uma forma de se explicar a realidade e a natureza humana, a mecânica clássica de Newton não foi revogada pelas leis da mecânica quântica, um corpo ainda continua caindo com aceleração de 9,8m/s2 . Para o filósofo Karl Popper, enquanto não houver uma alternativa melhor disponível, os fatos discordantes à teoria vigente vão sendo ajustados por explicações adicionais, chamadas de hipóteses ad hoc.
Desse modo, é lícito afirmar que um árbitro eletrônico no lugar do homem em uma partida de futebol seria garantia de uma arbitragem imune de erros? As variáveis são muitas, existe uma infinidade de fatores que determinam um fenômeno e sua interpretação está diretamente ligada entre o observador e a coisa observada, nós somos o fenômeno que observamos. A Interpretação está ligada a percepção, que muito embora tenha sido amplificada pela tecnologia, não está fora do fenômeno observado.
De outro modo, sendo a arbitragem algo exato previsível, objetivo, neutro beirando a perfeição com seu alto conteúdo técnico agregado isto não “artificializaria” a expectação? Até mesmo dentro do campo e/ou estádio, uma vez que se pode ver no telão a exatidão do lance? Não haverá mais a “mão de deus” nos gols e nem poderíamos mais chamar o juiz de ladrão e filho da puta.
O fato é que a técnica altera decisivamente a percepção do espaço e do tempo, e por conseguinte suscita outros imaginários. A subjetividade e a imprevisibilidade não fazem parte da máquina, uma prerrogativa da mesma é a objetividade e a neutralidade, contrários ao que se tem na natureza. Aliás, o objeto tende a ser perfeito quanto mais “tecnicizado” for, criando uma simulacro da natureza, quanto maior o conteúdo técnico agregado mais a natureza estará perto da perfeição.
A objetividade e a neutralidade já foram postos a prova no início do século passado com a fenomenologia de Heiddeger e também pela física, que colocou em xeque os postulados da prática científica calcados na previsibilidade. Uma dessas acepções foi o Princípio da Incerteza, de Heisenberg (1927), que afirma ser impossível medir com precisão e simultaneamente a velocidade e a posição de uma partícula atômica. Coisas que o Capra sempre falou.
A imprevisibilidade faz parte do modelo caótico e probabilístico da ciência contemporânea, da teoria do caos, que se torna ainda maior com o aumento da complexidade do sistema. Signatários dessa idéia nas ciências humanas estão Gilles Deleuze e Félix Guattari que também compreendem a realidade de maneira cambiante, não unitária, imponderável e caótica.
Não existe apenas uma forma de se explicar a realidade e a natureza humana, a mecânica clássica de Newton não foi revogada pelas leis da mecânica quântica, um corpo ainda continua caindo com aceleração de 9,8m/s2 . Para o filósofo Karl Popper, enquanto não houver uma alternativa melhor disponível, os fatos discordantes à teoria vigente vão sendo ajustados por explicações adicionais, chamadas de hipóteses ad hoc.
Desse modo, é lícito afirmar que um árbitro eletrônico no lugar do homem em uma partida de futebol seria garantia de uma arbitragem imune de erros? As variáveis são muitas, existe uma infinidade de fatores que determinam um fenômeno e sua interpretação está diretamente ligada entre o observador e a coisa observada, nós somos o fenômeno que observamos. A Interpretação está ligada a percepção, que muito embora tenha sido amplificada pela tecnologia, não está fora do fenômeno observado.
De outro modo, sendo a arbitragem algo exato previsível, objetivo, neutro beirando a perfeição com seu alto conteúdo técnico agregado isto não “artificializaria” a expectação? Até mesmo dentro do campo e/ou estádio, uma vez que se pode ver no telão a exatidão do lance? Não haverá mais a “mão de deus” nos gols e nem poderíamos mais chamar o juiz de ladrão e filho da puta.