terça-feira, outubro 24, 2006

A Evolução da Informação

O mundo informado e seus paradoxos.

Inacreditavelmente, a chamada Era da Informação nos apresenta um efeito oposto do que se afirma em sua expressão. Sabemos mais fatos do que nunca, mas ainda continuamos mal informados.
O que certamente Gutemberg não imaginava há quinhentos anos, quando instituiu por meio dos tipos móveis, a palavra impressa, difundindo pelos séculos a informação, superando a obsolescência da oralidade.
Surgiram os primeiros livros depois da bíblia, um século e meio depois, o primeiro jornal e a partir de então, a distribuição da informação foi avassaladora, a multiplicação veloz chegando cada vez mais aos receptores, ouvintes, leitores, enfim aos que ansiosos esperavam por uma notícia de qualquer natureza.
Os meios de informação e de comunicação eram relativamente limitados, mas foram se aprimorando com a escola americana de jornalismo definindo notícia como resposta a seis perguntas: o quê? quem? quando? onde? como? e por quê? (Regra de Kipling)Pronto, era estar informado. Lia e ouvia-se fatos. Bastava a superficialidade de um simples relato, que os americanos embutiram no conceito acadêmico de notícia.
Com a revolução da eletrônica, os meios de “comunicação instantânea” transformaram o mundo num grande mercado, levando ao fenômeno da globalização. A trajetória da modernização tornou os meios de comunicação onipresentes pela instantaneidade e oniscientes pela ilusão dos que acreditam estar sendo bem informados, sabendo da verdade.
Mas o grande paradoxo é o excesso de oferta de informações que homem algum consegue processar. Rádio, televisão, cabo, Internet, diários, semanários, livros de momento (como os de auto-ajuda, por exemplo) todos compartilhando do bombardeio, sufocando o ser humano, contribuindo para a sua coisificação.
E neste ambiente o jornalismo foge pela saída da nota ligeira e superficial, de fatos apenas. Com opiniões adjetivadas fungindo do contexto. O indivíduo sabe cada vez menos do supérfluo e ainda se inspira nos juízos à que foi submetido para formar uma opinião que sustentará o seu pensar. Estamos criando sociedades preconceituosas e extremistas, vítimas do efêmero, instantâneo, sensacional.
É função do jornalismo auxiliar o indivíduo se encontrar no meio desta barbárie da informação, na confusão em que vive. Utilizando da melhor forma, todas as ferramentas disponíveis, as quais não podemos ignorar sua eficiência. Fazendo com que seja realmente informado e não tenha apenas a ilusão de que o está sendo.

Nilson Ares

4 comentários:

Anônimo disse...

Na veia Sarsão.Congratulo com sua opinião na questão tratada.Precisamos pensar na saída. Se é que há...

Hemerson
sds.

Anônimo disse...

Querido Sarsa (Nilson Ares),
Parece até que estou lendo um colunável da FSP. É sério, tá muito bom. Parabéns pela escrita.

Anônimo disse...

algumas vezes fomos até o rio Jaguari falando e fumando tudo isso...não para não!
Farias

Máscaras Óbvias disse...

Gostei, um texto de temática bem importante e que procura um esclarecimento no nosso olhar para a discussão acerca dessa tendência da atualidade (ufa!). esse texto tem tudo a ver com o meu querido amigo Sarça. Gostei bem, poste mais conteúdos do tipo, ficar-me-ei (ai!) à espera.

Um grande abrassu -