segunda-feira, outubro 16, 2006

Nowseas

Santa Madalena
by Olhos Verdes

Quero ver o sinal da cruz em seu peito
Que a Santa Madalena venha lhe dar a mão
Para que o pai nosso tenha piedade
E os anjos ajudem a elevar sua alma.

Quando o silêncio dá nó na garganta
Dá vontade de cair no chão
De chorar
De largar a mão.

Quando a saudade aperta o coração
Dá vontade de sujar as mãos
De quebrar tudo
De virar cão.

Quando a dor é na alma
Dá vontade de calar
de tirar a roupa
De apertar o dedo até sangrar.

Quando a tristeza é nos olhos
Dá vontade de não enxergar
De fechar a porta
E se acabar.

Quando a palavra é pouco
Dá vontade de vomitar
De morrer
De voltar.

silêncio/chão/chorar/largar a mão/
saudade/quebrar tudo/sujar as mãos/
virar cão/dor/calar/dormir e não acordar/
apertar o dedo até sangrar/tristeza/
não enxergar/fechar a porta/se acabar/
palavra/vomitar/morrer/voltar.



Qualquer coisa
by Olhos Verdes

E volto pra casa vazia e com muitas interrogações.
No céu as estrelas revelam ao mundo suas aspirações.
E eu?
Na terra pisando em ovos estou
Enquanto o vento faz de mim uma folha morta
Arrasta-me pra lá e pra cá
Como se eu fosse fácil.
Não é bem assim.
Apenas me perdi no rumo.
O buraco aberto em meu peito dói muito,
Nem sei quanto
Só sei que não cabe outra dor
Sinto-me só.
Dirijo meu carro como se não houvesse
rua, semáforo, pedestre, sentimento,
como se nada mais fosse importante para mim.
Le feu vert c´est ouvert. Allons nous!
Mas para onde, pergunto-me.
Para qualquer lugar, qualquer esquina, qualquer sol,
qualquer lua, qualquer estrela, qualquer cheiro,
qualquer ombro, qualquer pele, qualquer colo,
qualquer outra carência, qualquer sorriso,
qualquer abraço, qualquer sexo, qualquer mentira,
qualquer ilusão, qualquer tesão.
Quero experimentar o deslumbre do qualquer coisa,
E amanhã terei novidade para contar.

2 comentários:

PIK disse...

Bela inspiração, Olhos Verdes!!Gritar sobre a Existência é preciso muitas vezes, quando dói!!Alívio. Catarse. Quando as circunstâncias existenciais e a dor são grandes e estão acima de nós, o grito tem de ser tamanho para alcançá-las. Seu grito é grande! Seu grito não é seu grito. Ė o grito da multidão que toma Eco em sua Voz...
Quanto à crônica Amiga, você tem razão!Mas o momento pede isso! Que se defenda um político em pauta. A política está ou deveria está em nossas veias. Claro que aqui agora não falo da partidária. Fui partidária conscientemente na crônica, pois percebo o quanto a mídia está comprometida com as elites e dominadores, pra tentar sucumbir um processo democrático neste momento!!Isso é injusto!!Desleal!!Você faz política quando se expressa em seu poema ou sua crônica aqui, que mostram de alguma maneira sua indignação!!De igual modo é preciso mostrar aos dominadores que não somos bobos!!Que também temos conhecimento da História e o Povo deve participar!!
Heartily, Jô

Anônimo disse...

Gostei, bonito -