segunda-feira, outubro 16, 2006

O Meu Vizinho Teve Uma Tele Visão


By Coronel Dentes


Antes de mais nada gostaria de dizer que, o que mais acho interessante nesse blog, além das pessoas que escrevem nele e do que escrevem nele, é algumas o fazerem fora do dia estipulado, assim como eu. Mas devo fazer a minha mea culpa dando a desculpinha de sofro um apartheid digital, e portanto não pude fazê-lo no Sábado como manda o figurino, até porque eu nem lembro mais a onde estava no sábado. Mas isso é bom, transigimos com os determinismo.
E por falar determinismo. Se não me engano, na ultima Sexta feira a tarde ele estava lá queimando hidrogênio e quarando as roupas no varal, o sol. O meu vizinho que também quarava as dele, disse-me que viu na TV ( acho que foi no Fantástico) que um dia esse nosso quarador iria embora. E eu, claro que não acreditei, como ele abandonaria seu habitat cósmico ou simplesmente deixaria tudo no varal gélido e duro. Há dois dias chovera a beça e foi um sacrifício secar as roupas! Sem contar que essa ausência poria de lado qualquer narrativa, qualquer verdade que um dia se pretendeu solar, até quarar todas nossas almas.
Veríamos então, a história como a tragédia da energia, mas isso ( se é que ocorrerá) está muito longe das necessidades prementes de nosso cotidiano. Sobretudo de algumas verdades que se pretenderam solar pela historia e hoje quaram a alma de muitos.
Poderia citar como uma dessas verdades, o ideal de emancipação da aleatoriedade da natureza contornando as adversidades do meio físico ( mas aí ao que me consta, não está o dia em que sol for embora), a emancipação moral e política e tudo do que dela decorre, como o conceito atual de liberdade, o que se convencionou chamar de democracia, a republica, o direito, a justiça, a natureza benévola do homem, o trabalho, o mercado, os impostos, a política de cargos e salários, as religiões, a família, o sexo seguro, a raça, a escola, a cultura, a comunicação, o que foi escrito nos muros, o sexo de pe´no portão, o que fumamos, os psicotrópicos, o que bebemos, o que cedemos caridosamente aos desvalidos, Eros, Psique, Tânatos, a igualdade, e por ultimo, um ícone da modernidade - o famigerado desenvolvimento da nossa sociedade. Este está tão cristalizado e objetivo que até convém afirmar que ele não é uma invenção humana e sim os humanos que são uma invenção do desenvolvimento.
Porém a reprodução em escala massiva e global de todas essas representações nos condicionou numa hiperrelidade. Onde não me surpreenderia, aqueles que outrora se quaravam de tal verdade, tentarem a fuga para as estrelas na ânsia de continuar em outro lugar o inexorável projeto desenvolvimentista fugindo das limitações de uma Terra moribunda, ou vissem esticada no varal, gélida e dura como as outras roupas, a alma fiadora de tal verdade, quando o quarador dessa história deixar seu habitat cósmico assim como meu vizinho viu na TV.
O que talvez não esteja muito distante, por que remoto mesmo para sua TeleVisão é só o seu (des)controle, segundo meu vizinho.

3 comentários:

Anônimo disse...

É isso aí coronel, só não vale invadir a minha segunda-feira ok?
rsrsrsr

Anônimo disse...

Muito bom.Quando falo da qualidade dos escritos não minto.
Piquitito

Anônimo disse...

é meu caro...começo bem meu dia, pensando um pouco mais nas releituras que fazemos do mundo.
valeu.
Farias