segunda-feira, abril 30, 2007

Comuna de Paris

A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante à invasão alemã. O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante ao armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na Guerra Franco-Prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra, para auxiliar na tomada de Paris.
Precedentes:
A população francesa já havia enfrentado, após a Revolução, uma grande revolta em 1848, responsável por destituir o rei-cidadão Luís Filipe. Após a formação de uma segunda república e o golpe de Napoleão III, a França ainda se envolveu em atritos constantes com a Alemanha, relacionados à sucessão espanhola. (veja Guerra Franco-Prussiana). Com um telegrama falsificado por Otto Von Bismarck, extremamente ofensivo ao povo francês, Napoleão III declara guerra.O exército alemão no entanto estava mais bem preparado, e vence facilmente os franceses. O imperador francês é feito prisioneiro em Sedan ao que se declara novamente a república na capital francesa e se legitima um Governo Provisório de Defesa Nacional para o qual Louis Adolphe Thiers se elege como novo presidente.Enquanto a Italia e Alemanha caminhavam em direçao a unificação da frança, um movimento social emergia: a COMUNA DE PARIS.
O Armisticio e a Comuna:
O Governo Provisório, com sede no Hotel de Ville, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente bem como suas armas a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional formado em sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.Convictos na resistência ao exército estrangeiro a Guarda Nacional assaltou o Hotel de Ville e expulsou os membros da assembléia que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris agora se encontrava nas mãos do Comitê Central da Guarda Nacional que manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando Thiers manda desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa durante a madrugada daquele dia. Pegos de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers dando início à independência política de Paris frente à Assembléia de Versalhes culminando com a eleição e a declaração da Comuna em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembléia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.
Realizações da Comuna:
O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional se misturou aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, junto com suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e se instalou na prefeitura. O comitê era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.
Eleições foram realizadas, mas obedecendo à lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação foi secularizada, a previdência social foi instituída, uma comissão de inquérito sobre o governo anterior foi formada, e se decidiu por trabalhar no sentido da abolição da escravidão do salário. Noventa representantes foram eleitos, mas apenas 25 eram trabalhadores, e a maioria foi constituída de pequenos-burgueses. Entretanto, os revolucionários eram maioria. Em semanas, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:O trabalho noturno foi abolido;
Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;
Todas os descontos em salário foram abolidos;
A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
Os sindicatos foram legalizados;
Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
O casamento se tornou gratuito e simplificado;
A pena de morte foi abolida;
O cargo de juiz se tornou eletivo;
O calendário revolucionário foi novamente adotado;
O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
A educação se tornou gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
Imagens de santos e outros apetrechos religiosos foram derretidos, e sociedades de discussão foram criadas nas Igrejas;
A Igreja de Brea, erigida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848 foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendome também;
A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;
O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses, húngaros;
Instituiu-se um escritório central de imprensa;
Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;
Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;
Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
O salário dos professores foi duplicado.
A Morte da Comuna:
O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com a Alemanha para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. A Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta, perdeu terreno rapidamente, pois possuía menos de 15 mil milicianos defendendo a cidade contra 100 mil soldados de Versalhes. Durante a lenta derrota, os revolucionários atearam fogo aos símbolos do Império francês - os prédios administrativos, o palácio do governo - e executaram seus reféns, compostos em sua maioria por clérigos, policiais e juízes. A defesa também sofreu pela incompetência militar dos representantes escolhidos para organizá-la. Ao todo, a Comuna executou 100 pessoas e matou 900 na defesa de Paris. As tropas de Thiers, por outro lado, mataram de 50 a 80 mil parisienses, tanto nos combates quanto nas execuções sumárias que se seguiram. 40 mil pessoas foram presas, e muitas pessoas foram executadas por terem sido confundidas com membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças. Vista pela esquerda a Comuna foi a primeira experiência moderna de um governo realmente popular. Um extraordinário acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e do espontaneísmo político das massas, combinando patriotismo, republicanismo e socialismo, em meio à circunstâncias dramáticas de uma guerra perdida (Franco-Prussiana) e de uma guerra civil em curso.
Jack Bauer/by Wilkipedia

3 comentários:

S. Farias disse...

Que bom que demonstrou apreço pela história e pela origem da comuna.

Nilson Ares disse...

control c na cara dura...tsc tsc tsc

André Luiz Rozaboni disse...

piquitito,,,,reclama mais uma vez que mando uma coluna a respeito do indio que ta prontinha,,,o farias conhece bem ela viu.,,,,