quinta-feira, setembro 27, 2007

Choro ao invés de lágrimas

Era a flauta, 7 cordas e pandeiro.A roda chamava um choro após o outro, praticamente sem pausa. Relembravam os mestres Nazareth, Jacob e Pixinguinha...era bonito de ser ver e ouvir. Notas saltitantes, brincalhonas...fazendo um tributo à alegria daquele povo humilde. Os 3 músicos chamavam todos os presentes ali para momentos de alegria, regados a cerveja e amendoins torrados entre pedidos de músicas e piadinhas rápidas. Que ambiente era aquele! Eis que de repente, chega o Sr. Aldir, dono do boteco, com cara de pesar e diz: - Vocês não sabem...O Luizinho do cavaco morreu de velhice. O coitado tinha 96 anos... O choro parou. A tristeza que ali se fez pareceu durar uma eternidade. Uma pausa que ocuparia infinitos compassos na pauta daqueles chorões. E numa retomada de fôlego, a flauta puxou a melodia carregada de melancolia e poesia, seguida magistralmente pelo 7 cordas e o pandeiro. A tristeza não desapareceu, mas pôde ser traduzida em cada nota, na forma de despedidas e agradecimentos ao velho Luiz. E naquele dia, os que olharam para cima, disseram que notas sincopadas escoltavam a alma do ás do cavaco rumo ao céu. O povo humilde saudava seu mestre. Sem lágrimas...apenas com choro.

Mario Crema

Um comentário:

Anônimo disse...

Salve Altamiro, Patápio Silva, Nazareth, Sion, Senise, Montarroyos,Guinga, João Lira,...