sexta-feira, setembro 28, 2007

Ler, e reler o mundo...

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”.

Paulo Freire

Assim como Paulo Freire expôs em poucas palavras a importância sem igual da leitura para nós, registro aqui também, nestas poucas linhas, a aventura semiológica especificamente humana de se “ler” o mundo, entendê-lo pelas mais diversas formas que as palavras, as imagens, e outros tipos de sinais se incumbem de significar para nós, não de forma estática, mas com uma dinâmica que o próprio homem criou desde que surgiu, desde que lançou ao ar seus primeiros grunhidos diluindo o silêncio, alterando a realidade.
A leitura se confunde com a existência. Viver, talvez seja um enorme texto a ser construído do nascimento à morte, passando pelo crescimento, amadurecimento, envelhecimento e por fim: o fim, o nada, o silêncio, o “não-texto”.
A vida abandona seu estado de texto ao deixarmos de existir. Enquanto isso não acontece, vamos mediando nosso viver por este “mega suporte” que é a leitura. Lemos e escrevemos nossas sensações, nossas experiências, curtas ou extensas, prazerosas ou sofridas, faladas ou escritas, em prosa ou poesia, em música ou letra.
Como afirmou o autor, linguagem e realidade não se separam, muito menos se anulam. E a leitura é o resultado direto deste binômio complexo; a leitura é a janela pela qual, atônitos, observamos o passar da vida; lendo, e relendo o mundo.


Nilson Ares

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