sexta-feira, junho 27, 2008

" Acabou Chorare e Ficou Tudo Lindo..."

Ainda pouco estive com uma amiga que me perguntou, que fotos eram aquelas de pessoas bebendo, conversando e tocando. Disse que era de uma reunião entre amigos na qual me diverti bastante e dei muita risada.

Ela me interpelou e disse enfaticamente: Isso é importante!! Isso o que, se divertir?? Rir, principalmente.

Ela transa uma idéia de Yoga, que trabalha com o riso, essa linha é de um indiano que não sei pronunciar o nome quanto menos escrever.

Fico imaginando essa coisa do riso, e o vejo como coisa séria, sendo o homem único animal que ri o riso também tem sua construção histórica. Por exemplo, para Platão o riso soava como falsidade, ironia, e afastava o homem do mundo supra sensível e da essência do belo e da perfeição platônica. O riso já tomou várias conotações durante a história e hoje apesar de todo avanço e emancipação moral e critica rimos muito pouco, se bem que já se riu menos no passado.

Se tomarmos a idade média existe certos conceitos sobre o riso que perduram até hoje, como por exemplo o fato de que Jesus possivelmente nunca tenha rido em vida, pelo menos não há registros bíblicos. Isso se explica por que o riso teria um tom profano, por que traria contigo o escárnio o qual não seria de bom tom Jesus estar ligado, pois o humor não combina com o sagrado. Já que parte da ação do humor é justamente a de contestar alguma situação.

Lembro-me de um livro lindo e tão complexo quanto, que li quando jovem, que trata justamente do riso na idade média, chama-se O Nome da Rosa, infinitamente superior ao filme. Umberto Eco, que é um semiólogo, escreveu um livro que fala sobre uma efeméride na idade média, que é uma série de assassinatos num mosteiro, escrito como se fosse um livro medieval, com uma sintaxe lógica que lembra muito a lógica Formal ou de Aristóteles.

O que não é pra menos, pois toda matriz de pensamento medieval era organizada pela igreja católica, que um dos seus grandes filósofos que hoje é santo, o São Tomaz de Aquino, foi quem reabilitou toda filosofia de Aristóteles para dar legitimidade a base epistemológica e todo pensamento medieval. Por tanto Eco utilizou da lógica formal aristotélica para escrever seu livro que trata de uma efeméride medieval. A lógica Formal pressupõem a criação do silogismo de dedução que se dá do geral para o particular, e o silogismo de indução que é a do particular para o geral, a mesma lógica que ainda é usada em certos casos na nossa ciência moderna.

Mas não é só isso, Aristóteles teria também escrito um livro em que, diferentemente de Platão, advoga o caráter benéfico do riso, próprio de espíritos livres e com aura artística. O que a idade média não poderia conceber, já que pela igreja temos que estar sempre contritos e nos penitenciando neste vale de lágrimas para alcançar o paraíso, e o riso não só depõem contra isso como nos faz perder o medo do inferno. Por tanto este livro de Aristóteles teria que ser extirpado da base filosófica que serviu à matriz aristotélica-tomista da idade média.

E não é que Eco magistralmente em O Nome da Rosa, escreveu uma ficção em que os Monges dentro de um mosteiro morriam tentando descobrir a onde estava, dentro de uma biblioteca infinita, o livro escrito por Aristóteles sobre o Riso.

Na historia da filosofia não há consenso de que este livro realmente tenha existido, hipótese mais provável é que o livro tenha se queimado em dos incêndios da biblioteca de Alexandria. Ou que a igreja tenha dado um sumiço nele.

Mas para se utilizar de uma máxima corrente na ciência moderna e que é pura lógica Formal aristotélica: “A ausência de evidência não se traduz necessariamente em evidência de ausência” . Ou seja, o fato de não ter sido encontrado não quer dizer que o livro não tenha existido ou que ainda exista, talvez deva estar em alguma biblioteca infinita de um mosteiro guardada por um monge cego chamado Jorge. Referência a Borges é pouca.

7 comentários:

Anônimo disse...

que prazer poder ser o primeiro a aqui deixar minhas impressões sobre o riso...realmente também enquanto estive lá na ossobucada dei muitas risadas profanas...não tenho nada a acrescentar a toda a teoria aristotélica -tomista que me deixou com vontade de ler o nome da rosa novamente, este livro foi o último livro que meu pai leu antes de partir e quando pré-adolescente tentei le-lo algumas vezes e não entendia nada...agora eu acho que dá. Valeu Coronel.
S. Farias

Anônimo disse...

Alexandre,

realmente este texto foi na véia. Quando estava estudando filosofia no seminário, um cara diretor de teatro por nome fez seu tg justamente sobre a questão do riso. Excelente texto e está didáticamente excelente.

Anônimo disse...

excelente reflexão. péssima gramática.

Alê Marques disse...

O texto foi de prima, nem corrigi pra postar

Anônimo disse...

O foda é o crítico gramatical, se é que entende alguma merda do que é gramática,ainda aparecer como anônimo, tenha dó.

Maria Angélica Davi Costa disse...

Alexandre, além de desgraçar minha vida vc ainda descreve um livro que esta na fila de leitura? Pelo menos o texto é bom e entendi pq a risada é profana para alguns/algumas. Ah, essa igreja.
Nesse dia da ossobucada fui dormir com dor na barriga de tanto rir. Um tanto quanto sádico, não?!

Maria Angélica Davi Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.