quinta-feira, julho 17, 2008

Keynes X Smith

Nas ultimas semanas sofrendo reflexo ainda de eventos do começo deste ano, a economia estadunidense sinalizou combalidamente com uma crise no mercado imobiliário. O que andou tirando o sono de muitos investidores norte americanos e de outras partes do mundo, que tinham depositado esperanças duradoras no boom do mercado de títulos imobiliário estadunidense.
Começaram dizendo que a culpa é dos “subprimes”. Aqueles que não têm condições declaráveis de arcar com a divida e mesmo assim as contraem. Isso por que o mercado de credito imobiliário dos EUA, passava por uma grande onda de liquidez, ou em outras palavras, sobrava dinhiero pra empréstimos. E como os subprimes pagam as maiores taxas de juros justamente por não terem condições declaráveis de pagamento da divida, isso encheu os olhos dos credores que disponibilizaram cada vez mais dinheiro para terem maior retorno com a taxa de juro paga pelos subprimes, criando títulos da divida que poderiam ser comercializados endossados no mercado de credito doméstico e internacional. Mas quando os subprimes amedrontados por uma crise do petróleo deixam de pagar uma hipoteca, aí roda todo mundo, dentro e fora dos EUA.
O que mais me intrigou neste caso é que o governo dos EUA correu solicitamente a socorrer os bancos norte americanos comprando boa parte dos títulos que os subprimes não pagaram.
Mas que coisa linda não? A Meca do liberalismo econômico de onde saiu a cartilha do neoliberalismo Latino Americano, que se convencionou a chamar até pelo nome de “Consenso de Washington”. Cartilha esta que empurrou goela a baixo de países como o Brasil o receituário neoliberal, de um Estado mínimo, com cada vez menos intervenção na economia, colocando as privatizações como a panacéia dos problemas econômicos latino americanos. Evocando a mão invisível do mercado, reabilitando o liberalismo de Adam Smith para o capital global com a roupagem de “neo”.
Fazendo todos crer que a racionalidade técnica da economia de mercado segue leis naturais, como as da física, dotando o mercado de uma natureza auto-gestora e que portanto, não necessitaria de nenhum órgão que o regulasse ou que interviesse.
Hoje os EUA viram que não é bem assim, pelo menos não como eles queriam nos fazer acreditar. As leis naturais do mercado não corrigem todas as suas distorções. E aqueles que enalteciam essas leis são os mesmos que enxovalhavam o Keynisianismo, as idéias de Keynes que era justamente de um Estado que tivesse uma intervenção maior na economia, o Welfare State o Estado do Bem estar social.
E o irônico é que toda vez que o liberalismo entra em crise quem o socorre é o Keynisianismo, foi assim em 1929, e está sendo assim agora que o Estado dos EUA está socorrendo o mercado comprando os títulos subprime.


4 comentários:

Marcio disse...

"mesmo que seja eu
um Nassif pra chamar de seu"

eu tenho um amigo que manja de economia! heheheehe
essa história dos subprime me lembrou aquela do seu vizinho aí, que mobiliou a casa no carnê das Bahia e depois vendeu tudo e voltou pro norte.

Anônimo disse...

Meu caro amigo Alexandre você já tinha sabiamente descrito está situação pessoalmente para mim, que aliás lhe disse para você postar aqui no blog. Análise na véia e concreta, descomplicando o complexo, tarefa que não é nada simples.
Eu ia postar um textinho, mas deixarei para outra dia , pois tal texto merece maiores reflexões.
Só acrescentando, nesta semana o jornal de economia da folha já declara que o Lula entra com perdão de dívida e financiamento para aumento de produção alimentícia para que ajude na queda dos produtos básicos. Creio que a longo prazo o resultado virá.

Hemerson

Anônimo disse...

estava me esquecendo de como consegue descrever o que rola no capitalismo vídeo financeiro internacional. Valeu Coronel!
S. Farias

el Samu disse...

então... dessa vez parece-me que a intervenção do Estado na economia deva ser inevitável e que a regulação do mercado não poderá ocorrer de per sí, no entanto o que me tira o sono é ver o boom imobiliário ocorrer aqui na terra brasilis, agregado a outra força motriz que advém do mercado de produção e venda de automóveis, que graças a elasticidade do crédito cedito aos brazilians subprimes permite que as vendas continuem em alto giro, porém e quando essa gente se amedrontar quando olhar o carnê com mais 95 prestações do carro pra pagar e a inflação flutuando? Roda todo mundo aqui e na América Latina. Mas o melhor não é tudo isso aí, o melhor é que mesmo com a explicitação da situação o governo brasileiro vai continar congelando o preço dos materias de construção, diminuindo a porcentagem de juros da construção civil e aumentando o crédito e os parcelamentos, tanto pra compra da tão sonhada casa própria quanto do primeiro carrinho zero km.
entretanto tudo tem um lado bom: com o queda expressiva dos preço dos imóveis estadunidenses chegou a hora da mulher do Vertti ou da senhora do Maggi poder comprar aquela sonhada casinha na Califórnia e sonhar com dias dourados...