segunda-feira, julho 07, 2008

Volta ao Circo – parte II

Motivado pela finalíssima da Taça Santander Libertadores da América, me prontifiquei a escrever sobre minhas últimas experiências futebolísticas e ao elaborar o texto, ainda no pensamento percebi que não podia lavrar sobre esse esporte como eu gostaria. A favor da nova moda do fair play, noto que ultimamente a máxima do futebol tem sido o carrinho por traz, sem bola, na maldade. Logo pensei em trocar de modalidade, porém tentando preservar a essência das coisas: passei a freqüentar jogos de futsal.
E comecei muito bem, indo a final da Taça dos Campeões da Vanguarda/Gamaia. Sábado de Sol e tudo aquilo que já lemos aqui por advento do relato da Sra. Maria, simplesmente. Contudo o que não ficou muito claro para mim é que mesmo trocando de modalidade esportiva a pancadaria generalizada se fez presente novamente. Então, após a barbárie apresentada resolvi dar uma nova chance a mim mesmo, indo assistir a mais um confronto na esperança de acompanhar um jogo limpo, sem confusões.
Terça a noite, frio tão intenso quando a dor que carregava no peito, remorsos profissionais, chagas familiares, abismos na personalidade e outros assuntos que nesse momento não merecem destaque. O fato é que toda essa gelidez me encaminhou para o templo sagrado do imediatismo gastronômico: pra livrar-me de tanta amargura fui me entupir de fritura, me sentir mais leve, comendo um delicioso lanche do Mc Donald’s cito a Avenida Nove de Julho, no coração do centro burguês joseense. Saí com cara e sentimento de culpa e resolvi caminha um pouco pra diminuir minha penalidade. Acontece que de saída do local, quando o que queria era apenas caminhar um pouco pra não me sentir tão mal assim, deparei-me com uma movimentação fora do normal na porta do Ginásio Tennis Club – que também merece o destaque de ter assíduos freqüentadores da alta classe da cidade de São José dos Campos. Era a finalíssima do Campeonato Metropolitano de Futsal do Estado de São Paulo, São José dos Campos contra São Caetano do Sul. Confesso que me perguntei por que São José estaria nessa disputa, uma vez que não faz parte da região metropolitana de São Paulo, contudo, os espasmos estomacais por conta da alimentação efetuada a pouco eram tão grandes que resolvi esquecer o caso.
Paro na bilheteria e percebo que a venda dos ingressos havia acabado. Um kg de alimento pra ajudar a pessoas de baixa renda a permanecerem na baixa renda e assim poder manter a alta burguesia dominante, freqüentando os clubes centrais e assim por diante. Enfim, o bilheteiro, já ausente de suas atribuições, não sei por que cargas d’água (aliás imagino que seja pela linda cor dos olhos verdes da Srta que me acompanhava) me cedeu então dois ingressos, uma vez que não possuía ali, de improviso sequer 500 gramas de fubá pra ajudar quem precisa.
Entrei no exato segundo em que o juiz apitava o início da partida. Dessa vez o contingente policial era elevado e até revistado fui, mas o ingresso que ganhei ninguém pediu. Escolhi um lugar perto da torcida Mancha Azul, um nome um tanto quanto sugestivo, aliás provavelmente o sócio fundador é palmeirense, não?
Ginásio lotado e permaneço na arquibancada dos de pé. Sim, pois havia duas arquibancadas. Uma, de torcedores que permaneceram o jogo todo sentados, aquela torcida que não aparecia nas filmagens da ESPN, torcedores daquela faixa da sociedade, mais abastada de recursos financeiros, também conhecida como ricos; e outra, onde me encontrava, bem a vista das câmeras de TV, composta pelos pobres coitados, junto a “Torcida Organizada (e quanto a isso tenho minhas dúvidas, pois cantavam hinos sem rima e sem ritmo, mostrando a desorganização) Mancha Azul”, repito, de pé!
O início da partida é preocupante, pois equipe do ABC abre o placar e por uns dez minutos a defesa se fecha numa retranca digna de equipe paraguaia. Mas o toque de bola e a movimentação da equipe do Vale fura o bloqueio do Azulão construindo um placar de 3 x 1 ainda na primeira etapa. O primeiro gol da Águia sai numa bica que não deixou a bola sequer ficar dentro do gol. O segundo gol não foi muito diferente do primeiro, mas o terceiro foi memorável, pois nasceu de uma roubada de bola do goleiro de linha do time (verdadeiramente) metropolitano. A pelota foi rolada, conduzida vagarosamente ao gol.
No intervalo a hora do circo: crianças invadem a quadra e começam um jogo um tanto quanto estranho: Um goleiro e uns vinte garotos de todas as idades, jogando uns contra os outros, assim mesmo, sem lógica de equipe, o que na minha infância era chamado de “cada um por si”. A diferença é que jogávamos assim quando havia apenas três ou quatro amigos apenas, mas num rachão de vinte moleques. Tava difícil entender a lógica do jogo. Do outro lado da quadra, um cidadão de mais ou menos uns 150 kg cantava números de canhotos de ingresso e sorteava camisetas, bonés e outras prendas aos torcedores fanáticos. Vale lembrar que a maioria dos ingressos sorteados era da arquibancada dos sentados. Não que haja alguma relação, mas é uma coincidência consideravelmente duvidosa, não?
Volta do intervalo, algumas alterações, jogadas mais fortes, jogadores mais cansados, tiros a gol de qualquer ponto da quadra, atletas se estirando no assoalho para salvar os lances de gol, goleiro joseense aclamado e cogitado a seleção brasileira (claro que apenas pela torcida da Mancha), e outras coisinhas típicas. São José vence a partida por 5 x 2 e ao final a torcida invade a quadra, aclamando o time e super contente pela vitória, mas parece que faltou algo, uma insuficiência qualquer que não conseguia detectar, mas logo me lembrei: não houve quebra pau!!!
Já de saída do ginásio me peguei pensando, um pouco triste confesso, mas também investigava porque estaria assim, tão desolado, pois meu time acabara de ser campeão... Acho que foi a indigestão agregada a falta de violência mesmo, afinal já tinha me acostumado com o pseudo estado romano onde o sangue rolado à cabeças quieta o ímpeto pela sede de violência. Mas é bom esclarecer que não me convenceram de que o fair play é a solução, ao contrário creio deva haver outras partidas em que o sangue cale o ímpeto. Essa foi só pra tirar a má impressão mesmo.
Revisado e editado por Maria, simplesmente

5 comentários:

Anônimo disse...

Nelinho,

tá bom, mas não dei conta de ler tudo.

Piquitito

Anônimo disse...

What`s going on dear friend?
Is it nonconformer to report?
If i were you, i wouldn´t write long text. But you are not me, then, don´t give up and go on!
Coronel

Marcio disse...

Eu li tudo, graças ao curso americano de leitura dinâmica que eu fiz, você lê mais de 40 páginas por minuto com 98,7% de retenção.

Maria Angélica Davi Costa disse...

Eu que não sei ser curta, li tudo, aliais, digo que faltou coisa aí, pq tava lá e bolas roladas deixaram de ser escritas.
Mas eu só estou aqui por ser mulher. Existe alguma mulher que sabe ser rápida e curta? Fica aí a pergunta.

Anônimo disse...

A mulher maravilha, lembro na minha infância.

Hemerson