segunda-feira, setembro 15, 2008

Universo em Desencanto

Há alguns dias dava uma aula sobre a construção de um relógio equatorial e ao traçar os meridianos celeste para sua construção reparei que cada vez vemos menos as estrelas, astros e o cosmo em geral, pelo menos não como os gregos. Hoje os observamos objetivamente pelos telescópios espaciais, pelas sondas e não mais pela sua representatividade mitológica, pela suas alegorias.

A plena luz da modernidade pressupôs o esvaziamento de seu sentido mítico, por considerá-lo vulgar e sem a precisão à que se destinava a navegação, esquecendo que viver, assim como as alegorias, não é como navegar... Preciso.

A clara organização de nossas sociedades, desde a substituição da iluminação a gás pela sua eletrificação no final do século XIX(vide Mauá O Empresário do Império, quem trouxe a iluminação elétrica urbana no Rio de Janeiro). Já trouxe consigo uma mudança nela própria, fazendo com que a técnica suscitasse outros imaginários, que não aqueles suscitados pela observação de uma noite estrelada. A técnica provoca as sensações diante da velocidade, da idéia que se tem de realidade como pelo seu imaginário.

A razão desde o ideal da ilustração nos legou a luz, e seus excesso da cegueira branca em um “Ensaio sobre a Cegueira”. E a instrumentalização da razão pressupôs o controle do tempo através da técnica, vivemos um dia iluminado 24 horas. Iluminado para o trabalho e consumo a exaustão, a pressa induzida, ao constrangimento à aceleração, da superficialidade iluminando, sobretudo, a escalada da insignificância, a pseudo autonomia e à fuga da aleatoriedade da natureza e controle da realidade humana.

O imaginário suscitado pela modernidade tardia nos apresenta como uma inflação das possibilidades de significados, porém distantes, por uma saturação de sentidos, por uma abundancia que está sempre à mão e perpetuamente inacessível, pela intuição da presença de um significante e da falta de acesso ao seu significado plasmado no eterno presente.

Essa abundancia resulta em apatia e hiperatividade - ambos os sintomas de excessos - de frustração, de possibilidade de consumir efetivamente o que o que quer que seja. Esse tempo patológico é preenchido por esportes radicais, obesidade mórbida, anorexia, bulimia, terrorismos e guerras contemporâneos.

Há os que pensam largar tudo e mudar de emprego, mudar o emprego da vida!

4 comentários:

Anônimo disse...

é coronel, venho pensando nessa luminosidade também e o que estamos fazendo com o empregar de nossas vida. vamo que vamo... agir duas vezes antes de pensar.
sf

Maria Angélica Davi Costa disse...

É, Alexandre, essa frase de mudar o emprego da vida faz efeito em mim desde de 2006...

Outro dia sentei muito bem acompanhada num morro alto, não tão longe de tudo, mas nem tão perto da luminosidade espalhada da cidade. Fiquei olhando os astros e estrelas até que a nevoa veio e cobriu tudo!! E pela primeira vez vi constelação de Escorpião, não é que ela sempre esteve ali? Onde é que eu estava??

Falando nisso, vamos fazer a tal festa de 2 anos num sítio em Paraibuna, em um bar na beira do Paraiba? Lá os astros são mais visíveis.

Anônimo disse...

Salve os Amigos dos Amigos;;;;

Mainardi

Marcio disse...

o penúltimo parágrafo foi na úlcera. lá mesmo.