terça-feira, outubro 07, 2008

Make up

As aparências enganam? Não, talvez as aparências não enganam tanto assim; elas são, no máximo, um corta luz, uma jogada ensaiada a exaustão e que muitos já se cansaram de ver, elas são um desvio de Paralax, estofo do repouso da sombra no fundo da caverna platônica, a antítese do divórcio, camas separadas, todos os princípios, o aparente estado da arte do desencanto do mundo provocado pela razão, ou o próprio Estado Moderno que pensa ser de direito para todo mundo. A democracia legada da Polis e que hoje é liberal também vive delas, assim como liberalismo econômico cambaleante vive de aparente ajuda do mesmo Estado do direito difuso dos especuladores; e as escolas e suas disciplinas com sua relação, também aparente, com os presídios e manicômios, que é tão aparente quanto às linhas imaginárias que cortam o globo ocular e revelam os “Paraísos Artificiais”, de onde vem o haxixe pra lá da linha Greenwich, do tesouro de nossa juventude; e delas, das aparências, que são o simulacro delas mesmas, simulam sempre estarem bem, mesmo sob a suspeita segurança do seu espaço privado, da amplidão isolada e hostil dos não-lugares e também, é claro, do lugar-comum, do copo de cana, das lascivas que a noite acordam sozinhas em suas camas e se deixa esvair suas aparências nessas comas, assim como o coma dos etílicos e dos que se vão nas ondas de calor, dos mártires, da minha incumbência taleban, da fé inabalável, do excesso de certeza, do silêncio obsequioso dos religiosos frente aos seus crimes, do sentido voluntarioso que se dá a vida, e do ego moribundo que pensa ser o senhor em sua própria casa; não, as aparências elas...

8 comentários:

Anônimo disse...

very cool.

Anônimo disse...

uma máxima coroneliana!

el Samu disse...

as aparências, quase sempre aparenteses, nuas e cruas, porém sempre figurativamente aparente.

Chapô!

Marcio disse...

"não há nada mais profundo que a superfície do mundo", Camus, acabei de ler isso num livro, agorinha.

Anônimo disse...

Tem lido Camus, cuidado hein?
Coronel

Marcio disse...

ah, nem, Camus foi no tempo da tupinambás, isso tava numa resenha sobre iberê camargo.

Anônimo disse...

Menos mal! Mas as vezes é bom correr um certo perigo com Camus!Dá uma voltinha no nada e volta. Mas eu acho que problema é justamnet esse: a volta!
Coronel

Marcio disse...

sim! com certeza!
aliás, também concordo com o de nome esquisito lá de cima, very cool.