segunda-feira, junho 22, 2009

A Jóia do Xá

Comentando a barbárie instalada na teocracia islâmica iraniana, acontecimentos estes que têm igual envergadura no país comparável somente a revolução que colocou no poder o mesmo grupo de clérigos, juristas e presidentes; todos submetidos ao comando dos aiatolás que vieram na linha de sucessão de Khomeini. E que hoje, o atual líder supremo religioso Ali Khamenei, entrincheirado na ala conservadora, linha dura sufoca sangrentamente um movimento que em principio tem uma orientação reformista e não revolucionária.
A perseguição feita pelo Estado teocrata iraniano aos reformistas, passa também pelo o controle de massas, típico de Estados totalitários em que a principal ferramenta utilizada dentre todos os atos violentos cometidos, é o controle da informação. Que tem sido burlado por tecnologias portáteis e/ou móveis de captura de áudio-visual e postadas em sítios na rede, tais como Twitter, blogs, You Tube e etc.
No caso, o hospedeiro deste blog, o Google, lançou há uns três dias um serviço de tradução do persa para o inglês, e vice-versa. Tentando neste caso, atender a uma demanda global, ter um melhor acesso a informação em meio a turbulência política. Já que boa parte da imprensa internacional está com sérias restrições de cobertura, o que faz com que os falantes do persa os portadores da informação, se valham neste caso, de uma ferramenta, que por motivo óbvio apresenta falhas, ruídos na articulação da sua sintaxe ou mesmo em construções semânticas mas, que tomando a instantaneidade da informação, soam como desprezíveis frente ao afã da veiculação das efemérides.
Outro ponto nesta guerra foi a aceitação de um pedido feito pelo Departamento de Estado dos EUA aos programadores do Twitter de que adiassem os planos de manutenção do site, pois isso imporia dificuldade de acesso dos iranianos comprometendo acesso a informação. Há também um movimento neste site para que os usuários mudem seu local de acesso para Teerã e seu horário para o fuso iraniano, dificultando o trabalho dos censores da teocracia local que patrulham a rede.
Hoje parece haver, ainda nos moldes de 79, a insurreição de uma contra revolução. Como na Guerra Fria que polarizou a revolução islâmica iraniana culminado com a guerra Irã e Iraque, URSS e EUA,que diga-se de passagem e com o perdão da digressão, gerou muitos empregos em nossa cidade. Agora, se apresenta polarizada, mas não somente entre Oriente e Ocidente, mas também entre o anseio de liberdade reformista e linha dura de clérigos, ou ainda entre dois pontos intangíveis: a doutrina teocrática do Estado iraniano e a natureza virtual da informação.

13 comentários:

S. Farias disse...

tenho acompanhado o q está rolando e sua articulação está digna de folha e outros veículos que buscam a cobertura nua e crua...valeu

Marcio disse...

é o bit contra a espada. já deu um resultado parcial, vão recontar os votos; não vai mudar a situação mas mostra a força do movimento. Duro mesmo é ouvir o celso Amorim gaguejando...

Alê Marques disse...

O Amorim,onde???

S. Farias disse...

foi ontem no roda viva...show de bola no geral...pediu para o heródoto deixar ele terminar o raciocínio umas 5 vezes, quando o mesmo o interrompia...o cara é muito bom!!

Hemerson disse...

Dentro da minha ignorância no assunto , ouvi um cara que entende um pouco do assunto que diz que mesmo os protestos são usados para destabilizar um governo, que apesar das urnas, não se justificaria sua saída. Tal movimento, tenta desmontar o Ira para que Israel com o apoio dos EUA possa entrar e resolver a brincadeira.
Agora no que tange a questão da informação é interessante pensar também no que ocorre na China, o governo tenta controlar a informação na Internet e contrata pessoas especializadas para ver o que o povo tem tratado nos meios de comunicação.

Nilson Ares disse...

Estas ferramentas de comunicação eletrônica se tornarão "aparelhos de resistência" mas onipresentes por sua própria natureza.
Tornarão mais resistente o grito dos excluídos.

Valeu Coronel.

Anônimo disse...

É a briga hoje não é por petroléo, nem por um comunismo ameaçador. A briga é por "liberdade de imprensa".
Não domino o assunto, mas o que observo é que países que possuem uma teocracia ainda mais muçulmana , no caso do Irã, não se muda da noite para o dia, por mais que a "urna", responda aos anseios do povo.

Depois que Al gore foi "derrotado" nas urnas pelo Bush, o que dizer do atual presidente Iraniano.

Eu só não queria esta lá, por que infelizmente deve tem pessoas com saco na cabeça buscando um pouco.

Isso que lembrou do filme Expresso da meia-noite, embora em Estambul, sinto aquele cenário.

Alá me livre...

abraços

Anônimo disse...

Lembro me do Caminhãozinho com um lançador de foguetes em cima dele que Papai aqui em S.José, traduzia seu manual de instruções do arabe ao ingles;;;Era o Astros II, o astro da guerra Irã-Iraque, guerra que o empregava e o dignificava a trazer comida ao seu lar.

Frei

Alê Marques disse...

O interessante de seu comentário caro Frei, é que vc se ateve mais a minha digressão do que ao mote principal do texto.
Mas se o Brasil tivesse a industria bélica estadunidense, e muitos de nossos patrícios pudessem se dignificar com uma guerra, produzindo armas e trocando estas por comidas e lazer para sua família, Buhs aqui teria presidência vitalícia.
Porém, hoje, podemos nos dignificar junto a barbárie realizando gestos inocentes, banais, triviais (tão mais despretensiosos que produzir armas) que em si não têm nada de aterrador, como apertar um botão ou qualquer outro movimento autômato, mas são gestos imprescindíveis para realizar com êxito as atrocidades.
O gesto de apertar o gatilho e ser condenado pelo resultado desse ato, talvez não seja tão diferente do “costume” de se apertar um botão e resultado dessa ação se dar em outro lugar. Mesmo que esse outro lugar seja uma tela.

Alê Marques disse...

O interessante de seu comentário caro Frei, é que vc se ateve mais a minha digressão do que ao mote principal do texto.
Mas se o Brasil tivesse a industria bélica estadunidense, e muitos de nossos patrícios pudessem se dignificar com uma guerra, produzindo armas e trocando estas por comidas e lazer para sua família, Buhs aqui teria presidência vitalícia.
Porém, hoje, podemos nos dignificar junto a barbárie realizando gestos inocentes, banais, triviais (tão mais despretensiosos que produzir armas) que em si não têm nada de aterrador, como apertar um botão ou qualquer outro movimento autômato, mas são gestos imprescindíveis para realizar com êxito as atrocidades.
O gesto de apertar o gatilho e ser condenado pelo resultado desse ato, talvez não seja tão diferente do “costume” de se apertar um botão e resultado dessa ação se dar em outro lugar. Mesmo que esse outro lugar seja uma tela.

Anônimo disse...

isso aqui tá bom demais!!! s.farias

Nilson Ares disse...

Nosso escritório on-line está de parabéns.

Sem álcool ainda...

Anônimo disse...

É a questão pelo que entendo vai além do pão da mesa, como o caso dos cocaleiros na Bolívia( que não vão plantar couve ou taioba). O que parece estamos resumindo a vida a um jogo Duke Nuke, só que a diferença é que cada botão apertado, ou etapas vencidas não ganhamos mais vidas, ao contrário asilos, orfanatos, pretos, brancos, inclassificáveis, vão tudo para o outro lado de origem indefinida.

É o teatro do absurdo!

prata

Obs: Acredito que o texto não criticava ou exaltava a maneira que a economia se mantém, se é economia de guerra ou especulação imobiliária.
A questão é falta de liberdade de expressão, opulência, coerção em países do oriente médio.