terça-feira, setembro 15, 2009

Cosmologia e a Physis

Que maravilha termos como interlocutor um professor de filosofia, o homem não sabe só fazer avião não! Este ultimo post do Hemerson, pelo menos a mim, foi tocante. Há tempos penso numa linha epistemológica do pensamento ambiental e me remeto ao mote do ultimo post Cosmologia e Metafísica, precisamente aos filósofos da Physis.
Physis em grego que dizer natureza, por isso os sufixos em nossa língua como: fisiologia, fisionomia, fisiocracia, física e etc...Estes filósofos tomavam alguns elementos da natureza como base, como realidade primeira de sua filosofia. Como Tales de Mileto tomava a água e Anaximandro o fogo como tal principio.
Por isso que Nietzsche considerava que a filosofia só existiu mesmo até os pré socráticos, ou os filósofos da Physis. Isso por que não havia a fratura ontológica entre pensamento e natureza e a explicação da realidade era mítica, o pensamento era uma cópia fiel do ser, a imitação – a mímesis – como a via de apreensão da realidade sempre ligada à natureza, à fantasia e à imaginação com uma carga poética daquelas. Essa é filosofia de Nietzsche, baseada nas tragédias gregas e na crítica a razão pós socrática. A grande fratura ontológica entre sujeito e objeto que está sendo recomposta somente agora no século XX com a Fenomenologia.
Essa é a primeira fase da linha epistemológica, a segunda é quando a filosofia deixa de ser o amor a sabedoria e contemplação desinteressada ao universo para ter um valor utilitário.
Posteriormente o grande afã da razão é controlar a natureza, contornar a sua aleatoriedade e formatar o caos. E esse tipo de ação teve seu ápice com o desenvolvimento da técnica e do trabalho, e que agora na pos-modernidade, a natureza e o pensamento não são mais mímesis, pura contemplação, nem só valor utilitário, ela é uma linguagem, um símbolo. Isso por que o objeto ao qual o sujeito tem interação, ele tende ser cada vez mais perfeito quanto mais “tecnicisado” for, quanto mais próximo da natureza maior sua imperfeição.
A técnica cria um outro sentido á natureza, cria uma outra natureza. Fazendo objetos que tendem a serem ainda mais perfeitos que a própria realidade, cria-se então uma hiper-realidade. Enquanto os pré-socráticos, os filósofos da Physis, contemplavam e imitavam a natureza, nós a julgamos imperfeita e criamos uma outra, baseada na técnica, no simulacro e numa economia política da significação.
A natureza hoje é uma caverna de Platão, mas sem o exterior só com as sombras. A idéia de natureza e natural é uma função simbólica, de representação e discurso, a natureza é uma fantasmagoria.
Por isso que Nietzsche tem que ser nosso livro de cabeceira, para nos religar com o pensamento alegórico, parabólico, com a tragédia grega, sem a opressão da razão aristotélica e com o que há de natural.


Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria que em outro momento você aprofunda-se na questão da hiper-realidade.E do distanciamento do homem ao apartar da natureza como um ser que dela antes era parte integrante.Tal vertente , que é muito citado por Boff.
Valeu.

Hemerson