quarta-feira, setembro 02, 2009

Ontologia II

Existe realmente uma verdade imanente à metafísica, ou mesmo nas coisas?
Poderia citar Pessoa, para quem, “existe metafísica o bastante em não pensar em nada”. Creditar uma substancia a verdade é o afã da metafísica em busca pela sua legitimidade. O que é imanente a metafísica na verdade parece ser o que a torna transcendente. Seus postulados sobre a verdade, o belo, o mundo supra-sensível, o mundo das substancias é o que há de inatingível ao homem, necessitando sempre de sua transcendência, para mais uma vez se ligar novamente a imanência humana, a razão.
Não creio na morte da metafísica, muita embora, algumas vezes desejasse vê-la morta, mas as minhas consternações ontológicas não a deixa fenecer, toda vez que em mim transforma o Ser em um ente de razão. Toma minha singularíssima pessoa como acidente de uma substancia inatingível, e minha existência como um Ato a desconhecer a Potência que lhe pôs em movimento.
Essa é a grande peça que a metafísica nos prega, a fuga é um encontro, o transcendente é o imanente, a excitação do Ato condicionado à Potência e a substância freqüentemente constrangida pelo acidente.
O que nos dá algum alento nessa consternação ontológica, talvez seja a concepção de Ser e o Tempo de Heidegger. Onde essa possível substancia ontológica só encontre seu sentido dentro de uma dimensão temporal. Em outras palavras não existe uma essência a priori do Ser, o que existe é o Ser no Tempo. Ou seja, a existência. O que serviu de base para o existencialismo com a celebre frase do Sartre. “ A existência precede a essência.”
Talvez essa seja a saída entre antítese e a verdade metafísica: A existência que não me deixa mentir.

9 comentários:

Anônimo disse...

A metafísica parece cheia de perigos em sua análise,não no texto, mas no próprio substantivo quase indecifrável que cabe a esta palavra. Assim, acho que a melhor definição é aquela que diz : um livro que vem depois da física , como é descrito na obra de Aristóteles e serve para tratar o ser enquanto o ser. Assim a morte da metafísica é uma bobagem , pois defini-la já é uma enigma , que permite muitas variações.
Hemerson

Alê Marques disse...

É justamente isso. Mas ainda fico com a definição do Pessoa.

Alê Marques disse...

E outra, ser enquanto ser na cadeia. Estou preocupado é com a existência!!

Anônimo disse...

Tá nada. Nem eu , nem vc.
Tito

Anônimo disse...

Rsss.......a defesa do existencialismo consiste numa questão dialética e sobretudo ontológica .É só mais uma verdade que predispõe o “meu” ente.
O axioma Sartriano “a existência precede a essência” pode ser desconstruido
Só existo se sou munido de linguagem
Será que o logos não vem antes da existência?
Tamanha é a nossa preocupação!
Fabiano Baldi

Alê Marques disse...

Sim, Fabiano. Mas não acredito que exista uma precedencia entre logos e existencia. As coisas também existem sem mesmo saber sê-las.
Quanto a liguagem, tenho cá pra mim que ela seja a prórpia existencia codificada.

Anônimo disse...

Que palavreado , deixa a coisa mais simples , minha idade já não suporta tanto devaneios. Abre uma cerveja Chiquinho e me conte quando o Deferico vai jogar e também o Marcelo Mattos.
Agora, traga-me um torresmo frito para eu saborear e depois um cigarro solto para fumar lá fora,vou para rua , lá ainda posso e aproveito para olhar a bunda das mocinhas, isso sim, mesmo, faz bem para minha existência, acalenta meu coração e lacrimeja meu olho em inicio de catarata.

Piquitito

Nilson Ares disse...

Isso Hemerson: Uma verdadeira mudança de paradigma.

Anônimo disse...

O doce e sutil piquis...hahaha...eu também, por não saber de nada disso aí e outras coisas as vezes penso não seria mais fácil simplificarmos a própria existência, minizando os códigos e perfazendo o caminho do bem...amém. s.farias