terça-feira, setembro 22, 2009

RE-LIGARE A METÁ – PHYSIKÁ

Tomado pela inspiração dos dois textos. Sendo o primeiro cosmologia e metafísica, e o segundo, cosmologia e a physis dos estimados Paroquianos Hemerson e Alexandre.
Aproveito a carona para fazer uma acareação com a cosmologia mítica, e seu sistema de representação elementar de natureza religiosa.
A Mitopoese, palavra derivada do grego Mytos, fábula, narrativa, conto. E Poieses, criação. Designa a capacidade espontânea da psique construir mitos nos seus mais variados contextos.
Partindo desse étimo, sabe-se que o homem primitivo adquiriu o seu primeiro construto arquetípico através de manifestações coletivas de origem religiosa, e que, as aspirações primais mais genuínas de nosso ser tem relação intrínseca com elementos da natureza correlacionados a divindade.
As formas de expressões religiosas da pré história encontradas em culturas ágrafas, apresenta características da crença animista, que propõe a interação do homem com as forças naturais, personificada na terra, água, tempestade, vento, arco-íris, trovão, fogo etc.
Cunhado pelo antropólogo inglês Edward B. Tylor, o termo animismo provém do radical latino animus, "alma" "espírito", isto é , vida as coisas inanimadas e consciência aos fenômenos naturais.
De acordo com todas as tradições cosmogonicas, a versão mais antiga da criação tem origem no caos, onde consequentemente se estabelece o cosmos; espaço em que reina ordem e harmonia das coisas naturais, que tem como matriz do universo, o oceano. Contudo, a dual causalidade do cosmos implica em variações dos diversos segmentos de representação cosmogonica e teogonica.
Pois bem, na difícil tarefa de se aproximar de uma fidedigna definição de metafísica, haja visto, as interpolações que a mesma sofreu na história através da interminável perspectiva dialética, denotando sentido ontológico, teológico, psicológico e cosmológico.
Estou em consonância com os senhores ao identificar que a perene natureza da metafísica brota na natureza das coisas, e passa pelo menor orifício da percepção.
Ao meu ver, a luz da caverna de Platão só pode ser desvelada nas interações da consciência do homem com o mundo que o cerca.
Posso eu dizer que, diante do avanço técnico- cientifico- informacional nosso destino será a fatalidade?
Nota-se que ao longo do tempo, a técnica massivicada vem causando detrimento no desenvolvimento da moral, em contrapartida, as novas tecnologias reestruturam os meios de produção e serviços, viabiliza a integração social, e entre outras, abre horizontes de possibilidades inesgotáveis, que caberá a ser discutido em momento oportuno.
Com o crescimento da Internet e as interfaces que a cibercultura nos proporciona, segundo Pierre Lévi, pode e deve ser encarado de uma perspectiva mais humanista.
O que a natureza humana cria em si, e para si, não está dissociada do todo, ela pois, legitima e contempla o todo.
Me parece que a ótica é paradigmática, ou seja, tem uma outra lógica de ressignificação.
Diferente disso, estaríamos no paleolítico se relacionando com a natureza In- natura, engessados no tempo, a mercê de uma existência inviável.

Por Fabiano Baldi

5 comentários:

Alê Marques disse...

Fulgurante, diria!
A acepção feita a dimensão simbólica da metafisica no texto vem ratificar a linha de pensamento exposta.
A Noção do que é transcendente na representação simbólica está ligada ao que é imanente no ser. Relacionar a divindadede com a natureza é o exemplo cabal disso. A relação dual da representação e a coisa representada.
O problema agora, é quando a representação assume o estatus de hiper-realidade, proporcionado pela técnica, criando um simulacro.
Aí já é outra conversa.

S. Farias disse...

ótimo texto, a cada dia que passa o lance está mais pesado...valeu.

Anônimo disse...

Então Marques, sugiro que escreva um hipertexto sobre a simulação hiper moderna e suas trocas simbólicas a luz da escola Frankfurtiana. É sua cara!
Saudações ao poliglota Samuel Farias.
Valeu!
Fabiano Baldi

Cardápio Delicadeza disse...

Bom Fabi, partindo do universo poético que me cerca e alimenta toda camada solar da minha pele, devo dizer que, o final do teu texto é simplesmente fabuloso, você acabou se "despregando" de um início mais voltado pro universo da religião e fechou com propostas e perguntas indiretas e ao mesmo tempo cabíveis nessa teia de palavras e segredos: a existência.

Estás num momento raro e quero ter muita vida ainda pela frente pra poder assistir de perto esse voo.

Obrigado e abração!

E como diz o Gil na canção: "eu quero entrar na rede, promover um debate", e esse blog tá conseguindo isso e muito mais...

Tirou até você do "ninho" , permitindo deixar dessa forma seus ensinamentos pra eternidade...

Anônimo disse...

Quero deixar aqui o meu simples e breve comentário, que pertence mais a emoção que me causa do que a interpretação filosófica.
Sei que vc tem conhecimento do assunto aqui referido(religião ligada a natureza)por isso escreve com profunda linguagem.
Concordo com meus amigos o texto é fulgurante, magnífico, excelente.
Simplesmete marcante, que salta do âmago do seu ser e atingi o âmago de quem o lê.
É sempre um prazer ler e ouvir textos como esse!!!
Minhas felicitações a vc, pois sei como foi o processo de entrega para desenvolve-lo e conclui-lo conforme seu desejo.

"O livro não muda o mundo, muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo"
'MÁRIO QUINTANA'

Um abraço carinhoso.
Bailarina(rs)