sexta-feira, outubro 02, 2009

Henri Cartier Bresson


Em conversa sobre fotografia com nosso mais novo Comuna, Serginho Arpoador, e agora de frente com as agências de noticia na tela do meu PC, preciso dizer: há crises demais fabricadas nos jornais, que nos assalta a falta de certeza ao ponto de se invejar o seu excesso no paraíso dos homens bomba. Acreditar? É o que faz os crentes os seres mais imprudentes da criação, pois há quem diga ser o ateísmo uma conduta muito mais ética do que o teísmo. Todavia, jornais, cinema, tabacaria, revistas vê-se essa história, protagonizada por uma humanidade que cultiva a fé abjeta e devassa em deus, no progresso, na verdade, na imunização de doenças, na filiação de deus e na luz dos homens, criando uma história ilusória, que faz parecer que o mundo tenha sido criado há poucos minutos. No fim era verbo. No início do mundo era outra coisa, a voz imperativa que ordena que Faça-se reverbera na rotina que se faz, do instantâneo e do fugaz. Antecipar e esses momentos, capturá-los e congelá-los para posteridade é uma virtude de poucos.
Dentre esses poucos estão Robert Capa e Henri Cartier Bresson dois grandes fotógrafos que souberam cultivar este talento, e fundaram uma agência de foto jornalismo, a Magnum, captando de cada um de nós a fé, os deuses, as guerras, o cotidiano, os amores, as doenças... Capa assim como Bresson, foi fotógrafo de guerra, esteve em vários fronts na 2ª Guerra, se notabilizou ainda mais pela cobertura do desembarque das tropas americanas na Normandia, que se celebrizou como o Dia D. Uma das belas tomadas de campo de batalha do cinema feita por Spilberg no Resgate do Soldado Ryan foi baseada nas fotos de Capa por conta da cobertura do desembarque.
Bresson também sofreu as agruras de nossa modernidade, sendo confinado num campo de concentração na 2ª Guerra e dado como morto. Anos mais tarde numa exposição póstuma de sua fotos no MoMA em NY, apareceu causando espécie no público.
Sendo a fotografia uma forma de gravura a duração e fruição da imagem de Bresson e Capa é diferente do que se tem hoje, a instantaneidade torna a imagem fugaz, agora não mais na sua captação mas na sua fruição. As imagens vem ao meu computador e ali ficam, o impacto das torre gêmeas caindo é diferente do impacto de uma foto do Dia D, ou alguma outra do Bresson. Isso por que talvez as novas máquinas de hoje se distinguem dos velhos ícones futuristas. Como dizia Jameson “a modernidade foi marcada por imagens de máquinas, a pós-modernidade é marcada por maquinas de imagens”. Hoje elas são fontes de reprodução e não mais de ‘produção’ e nem parecem mais como sólidos no espaço. O gabinete de um computador dificilmente incorpora ou manifesta suas energias específicas da mesma maneira que a forma de uma asa ou de uma chaminé, isso também deva acontecer com a fotografia.
Franz Kafka em seu conto sobre aviação chamado Os Aeroplanos de Braskem, reproduziu com maestria a energia específica incorporada pelas asas daquelas aeronaves, no só no físico como no imaginário que tal tecnologia suscitava; hoje qual é a narrativa que reproduza a energia de um meio tão fluido que não encontra representação numa forma específica, mas que nem por isso deixa de suscitar o imaginário?

5 comentários:

Anônimo disse...

É Trautnam, sou um adepto do ritual.
Sem ser saudosista, mas a TV na casa de minha avó no início de 80ficava dentro de uma espécie de armário. Tínhamos hora para assistir, e esperávamos a TV "esquentar" pois era a Válvula.

Esse rapidez desejo/objeto, me sufoca!

As vezes parece 3 X 0, outras 1X1.

Abraços

prata

hemerson disse...

É meu caro o que dizer , talvez melhor seja olhar.
Tive a curiosidade de entrar no site e contemplar as maravilhosas fotos.
Para os piraquaras que tomarem contato lá vai:
http://www.magnumphotos.com

Marcio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcio disse...

Exposição “Henri Cartier-Bresson: Fotógrafo” no sesc pinheiros
Área de exposições, Térreo e Sala de oficinas, 2º andar
Visitação de 17 de setembro a 20 de dezembro 2009

http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/br/2008/12/29/exposicao-henri-cartier-bresson/

o instante de Bresson seria Capaz de nos salvar?
(não resisto a uma infâmia)

Nilson Ares disse...

Nos resta resistir a esse canto da sereia pós-moderno, aventura um tanto dificil de empreender...