Aparentemente essas palavras soam como sendo a mesma coisa, entretanto, as definições aqui serão discutidas a partir da visão crista e da filosofia existencialista de Sartre.
O livre arbítrio é usado pelo cristianismo. Diante das possibilidades que oferece a sua ética do sujeito escolher entre o certo e o errado. Desta forma, temos uma tábula de valores pré-estabelecidos onde não existe, se assim podemos dizer, uma via aberta a ser escolhida.
Há normalmente para o cristão o chamado peso de consciência pela escolha diferente daquilo que foi determinado pela lei descrita numa tabula.
Por outro lado, a liberdade supõe a não existência de uma tábula a ser seguida, de uma ética pré-estabelecida. Não há uma essência de valores, o que se apresenta é minha existência diante de um mundo sem sentido e que caberá a mim dar sentido a ele. Eu farei as escolhas que determinará a minha sorte nesta existência aberta de possibilidades.
Para Sartre o mundo que se apresenta foi uma escolha da soma de escolhas individuais e que sempre o indivíduo está apto a dizer um não para a realidade que lhe apresenta e sendo responsável por tais escolhas.
A liberdade é também responsabilidade, não no sentido que conhecemos sobre aquela velha frase que ouvimos “você deve ser responsável”, mas que somos, segundo Sartre, sempre responsáveis pelas nossas escolhas e não posso culpar o outro pelas tragédias que ocorrem em função do caminho que escolhi.
Desta forma, enquanto eu tenho no livre arbítrio a possibilidade de negar um código de ética pré-estabelecido, na liberdade eu tenho sempre um caminho aberto para escolhas. Enquanto a negação da primeira produz o peso na consciência, como popularmente é falado, o segundo normalmente gera angustia diante do mundo de abertas possibilidades que homem tem de enfrentar diante das escolhas que terá que fazer.
Hemerson
Nota: o texto “ O existencialismo é um humanismo pode ser baixado e lido no endereço abaixo:
http://www.pdf-search-engine.com/o-existencialismo-%C3%A9-um-humanismo-pdf.html
8 comentários:
Distinto!
Seu texto me faz lembrar da emblemática formulação testamentária Paulina: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.
É bem sabido que a tal sentença esta imbuída de preceitos Cristãos, no entanto, existem correntes teológicas que dialogam a ética Cristã com a ética Kantiana.
A primeira, a partir da moral cunhada por São Paulo, e a segunda, postulada como o elemento fundamental da ética Kantiana, designada: “Imperativo categórico, que prima em comportar-se segundo um princípio absoluto de justiça. Agir como se o princípio de sua ação devesse tornar- se, pela sua vontade, lei universal da natureza”.
Claro que podemos relativizar o bem, a justiça etc.
Para os nossos propósitos, chamemo-lo um pacto que garanta os direitos individuais e que estabeleça normas gerais de conduta que concorram para a liberdade. Me parece que diferente disso a barbárie seria generalizada.
Fabiano Baldi
Hemerson, gostei da proposta de reflexão e acho que esses links podem ajudar numa pesquisa mais profunda sobre o tema. São sínteses de conceitos e indicação de seus expoentes.
Vale um confronto de idéias sobre o tema entes de se posicionar.(Para leigos. Como no meu caso)
Sebastião Maia
Existencialismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo
Naturalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalismo
Humanismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
Patafísica http://pt.wikipedia.org/wiki/Pataf%C3%ADsico
Fenomenologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Fenomenologia
Wikipedia: a fonte fidedigna de todo conhecimento.
Bom, eu não diria fidedigna, mas uma fonte ela é.
Tem um contexto histórico e citações.
Com base nisso é possivel nortear uma pesquisa mais profunda.
Um abraço.
Sebastião Maia
pior que a culpa cristã, só a angústia da "liberdade". mas pra culpa cristã eu não volto nem ferrando.
Gostei do texto, a começar pela celebre foto do Sartre tirada pelo Bresson! E pensar que o existencialismo chegou até ser moda! Chiquita Bacana da Martinica, aquela que se vestia com uma casca de banana...também era existencialista, como deixou claro seu autor o Braguinha, fazendo alusão a sua liberdade na marchinha de carnaval.
Mas ainda bem que podemos contar com textos como este para tirar do folclore a filosofia existencialista e pô-la em seu lugar de destaque do pensamento ocidental moderno, sobre tudo mostrando uma de suas máximas: a liberdade a qual o homem está condenado.
Depois de Nietzsche, não é mais possivel aceitar que o cristianismo possa oferecer alguma forma factível de liberdade. Assim falou Zaratustra teria que ser nosso livro de cabeceira, assim como Demasiado Humano, Gaia Ciência. O enterno retorno e a vontade de potência serviu de base para a liberdade existencialista, que não vê outra interpretação plausível para realidade, senão o homem, por isso Sartre colocar que o Existencialismo também é humanismo.
Mas, o que para mim, polariza ainda mais a liberdade existencialista com o livre arbitrio critão, é a linha de pensamento que é base epistemológica do existencialismo: a fenomenologia. O Ser e tempo de Heidegger, foi fundamental. A noção de que não existe uma essencia a priori no ser, é o que realmente o faz livre! A existencia prescede a essencia e isso faz do homem ter que escolher dentro da aleatoriedade da vida, e a profusão de possibilidades.
O problema disso é a angustia frente as escolhas e em saber que não existe nada que determine a existencia préviamente. O mundo é um nada emergencial e a angustia é inerente a esta constatação. Alguns preferem se abdicar do protagonismo de sua existência se ancorando no livre arbítrio critão negando a angustia e o humano. Viva o demasiado de Zaratustra e abaixo a ordem de escolhas do arbítrio cristão.
A ética cristã tem muita coisa bacana. Muitas coisas que sustento em minha vida vem de coisas que aprendi no cristianismo. O problema maior está quando a Igreja toma o direito de legislar. Mas vou preferir deixar isto para um outro texto.
livro de cabeceira é a Biblia seus hereges hipócritas!!
Postar um comentário