quinta-feira, dezembro 03, 2009

PEDRINHA, a Saga. parte 3 de 3.


Num dos fliperamas da cidade Pedrinha pipa o craque e brinca de apertar botões e viajar em explosões AZUIS/VERMELHAS. No auge do GAME às três da tarde, duplamente alucinado num blend de craque e VIDEO-GAME, Pedrinha sequestra uma nave do fliperama e ganha os céus tenebrosos e cinzas do local.
Ao sair da loja, segue pela avenida principal e aí sim, começa a surpreender a todos com cenas de barbárie e violência urbana que jamais seriam esquecidas.
Logo na primeira esquina Pedrinha avista o reformatório que cuidou tão mal de sua educação moral e cívica. Não pensou duas vezes: EXPLOSÕES AZUIS/VERMELHAS.
Pedrinha segue seu caminho sem participar do trânsito que não flui e se recorda de tantas e tantas vezes que o vidro automático lhe subiu à cara enquanto tentava revender a preço exorbitantemente inflacionado as balas, chicletes e paçoquinhas “AMOR®” aos transeuntes motorizados. Mais EXPLOSÕES AZUIS/VERMELHAS.
O cinema do centro antigo, o prédio das finanças municipais, a Câmara dos Vereadores, o Paço Municipal, o prédio do Herbalife®... EXPLOSÕES AZUIS/VERMELHAS. Nem mesmo o novo shopping do R$ 1,99 escapou.
Pedrinha continua a apertar os botões e a viajar em EXPLOSÕES AZUIS/VERMELHAS enquanto uma japonesa do foto cubo esconde fitas de filme pornô nas mangas do seu quimono de seda; o bicheiro recolhe sua mesa dobrável enroscando-se em tantas correntes de ouro 18 quilates e tropeça ao descer da guia; o garoto com a cestinha na bicicleta da irmã pedala mais rápido no intento de salvar os pães de sal do café da tarde; o torcedor tricolor, agora sem chances de título, arranca a camisa do time e disfarça, tentando se esquivar de mais uma saraivada elétrica; policiais soltam as cochinhas nas padarias em chamas e apelam por reforços.
De repente Pedrinha se depara com um sinal de alerta. Está ficando sem combustível, então se dirige para a torre da Rede Globo, onde abastece sua nave e pode seguir apertando botões e viajando em EXPLOSÕES AZUIS/VERMELHAS.
Pedrinha aciona o seu detector de Rocans e avista dois camburões que passeiam tranquilamente há duas quadras do local da destruição. Subitamente os camburões são envolvidos por uma estranha massa alaranjada e flutuam no ar ganhando velocidade e um pouco de altitude. Segundos depois os camburões são arremessados metros dali ao encontro de mais um equipamento urbano sem utilidade e explodem maravilhosamente em chamas.
Ao chegar no nível máximo, na última fase do fliperama citadino, Pedrinha encontra seu mais temido adversário: O Àguia, helicóptero da polícia. A perseguição é alucinógena e também alucinante. Pela primeira vez Pedrinha se vê vulnerável a um ataque, e então num súbito momento sente uma forte pressão em sua nave. Alvejado segue, perdendo altitude. Ele luta para se manter no ar e tentar um pouso forçado. Com sorte conseguirá fugir a pé, se esconder pelos becos e ruas tortas da cidade. Talvez se entrincheirar em algum bar, mercadinho ou algo do tipo.
São quatro e trinta e três da mesma tarde.
Pedrinha sente uma forte dor no corpo que trava quase todos os seus músculos.
Ele não pode mais mover o manche da nave com proficiência e já está sem fichas pra continuar o jogo.
Um último apertar de botões.
EXPLOSÕES...

GAME OVERdose!

17 comentários:

Maria Angélica Davi Costa disse...

A narração dividida em três partes quebrou qq adivinhação que alguém tentasse fazer, mesmo com a pista do videogame. Legal mesmo o conjunto, tive que reler para pegar as pequeninas coisas pelo caminho.Dá pra sentir o Pedrinha.
Ficou enxuto!
Gostei mesmo, ainda mais com o surreal.

Nilson Ares disse...

Muito boa a narrativa, mas não larga a Geografia não, pelo amor de Deus!
É que a biologia a as cobrinhas do Urbanova já perderam um ente querido.

Att.

pratapreta disse...

Ser professor é bom, principalmente no que diz respeito a grande fonte de inspiração do quotis que temos.

Já vi milhões de Pedrinhas, sem Fliperama é claro. Alias, de repente seria um vício "menos" pior.

Lembrei também do Ladrões de Bicicleta (Neorealismo Italiano), em que a mulher sai da propaganda (de um sabonete) para seduzir o telespectador. Divino!



abraços

Anônimo disse...

Não gostei do final.

Achei que ficou sem pé nem cabeça.

Podia ter escrevido num texto só.

Sra Holler

el Samu disse...

Ô Loco maria. vc sempre adivinha fim de estórias...

é por enquanto a geografia tá botando comida na mesa.

vários pedrinhas prata... vários

hoje em dia, na era da imagem textos longos não sobrevivem... agonizam. imagine ler do hobbit ao silmarilion numa tacada só...

S. Farias disse...

aí sim, fomos surpreendidos...essa mistura de river raid e pixote...show, até que enfim escreveu algo que preste... inté

el Samu disse...

aí sim farias

Maria Angélica Davi Costa disse...

Sr. Nelinho 10, o senhor lave a boca para falar do Tolkien!

Marcio disse...

que final épico! Pixote com River Raid, com certeza!

el Samu disse...

boca lavada Maria, afinal vc tem proficiência no assunto Tolkien

viva o river raid e os pedrinhas alavancados pelos manches dos fliperamas dos rincões desse país.

Nilson Ares disse...

A Maria também é especializada em culturas inúteis?

pratapreta disse...

Ô Louco Nilson!

Você tem cuecas do Spider-Man, e nem por isso acho cultura inútel.

Pega leve, irmão!

abraços

Maria Angélica Davi Costa disse...

Prata, eu entendi como um elogio!
Nilson, especializada não sou não, mas gosto de uma cultura alternativa/inútil eu gosto.
Proficiência é exagero do autor deste texto pedrigulhado.
Mas Senhor dos Anéis é bom!!

E eu já alimentei sua nerdisse com copos, né, Nilson?!
rs

Nilson Ares disse...

Sim , claro Mary (que não é a Jane, sniff...) foi um elogio mesmo.
Agora, respondendo ao Charles, cueca eu ainda não tenho, porque não serve.

Att.

Nilson Ares disse...

Sou fã declarado do Amigão da vizinhança...

el Samu disse...

viva o homem aranha. viva o senhor dos anéis. viva até o charlinho q agora é de deus!

pratapreta disse...

Somos o que permitimos ser.

Valeu!