sexta-feira, janeiro 29, 2010

Geografia e as Patologias Geométricas


Dentro da Geografia existe um ramo chamado Ecologia da Paisagem, que estuda o espaço segundo o ordenamento de sua forma e dinâmica ecológica. Sua base epistemológica se remete muito a uma escola alemã a Gestalt que analisa como se dá a percepção desta forma. Sempre orientado por um método de investigação filosófica chamado fenomenologia.
Hoje existem ferramentas de sensoriamento remoto e geoprocessmento que através de sistemas topológicos (pontos, linhas e polígonos) tentam representar a forma da organização espacial com a maior precisão possível, manipulando gigantescos bancos de dados georeferenciados, que ocupam enormes espaço de memória virtual e exigem poderosos processadores.
No entanto, a natureza do espaço é bastante cambiante em sua forma, nem sempre é representada por valores reais e inteiros, de maneira que se formos representá-la em sua variação representaríamos um sistema caótico, já que a nuvem não é esférica, as montanhas não são triângulos e até mesmo a representação hidrográfica não segue uma linearidade, já que a sinuosidade dos rios segue um padrão que por definição também é aleatório.
Um matemático polonês que trabalhou na IBM nos 60, chamado Benoit Mandelbrot, analisando estas formas que outros matemáticos chamavam de patologias geométricas descobriu através de algoritmos que essas formas caóticas representavam certo padrão dentro da aleatoriedade, em outras palavras, as formas ditas “patogênicas” da natureza guardam uma certa organicidade que se reproduz com a redução da escala de observação. A isso ele deu o nome de geometria fractal, derivado do grego fractus – quebra divisão.
Analisando a imagem acima veremos que o contorno do relevo é totalmente aleatório, mas toda vez que é ampliado, ele representa o mesmo padrão de aleatoriedade.
Compreendendo dessa maneira, a dimensão espacial de um fenômeno geográfico em uma dada escala pode ser extrapolado para outra.
Isso se dá devido a duas propriedades do fractal, que são: o escalante e a auto-similaridade, esses dois atributos do fractal é o que faz apresentar feições bem parecidas em diferentes escalas levando a auto-similaridade, onde a ampliação da forma é uma copia exata de seu original, criando um padrão dentro do caos.
Hoje, meteorologistas, geógrafos, físicos e matemáticos, se debruçam em estudos para cada vez mais encontrarem padrões que se reproduzem em sistemas caóticos. No que toca a minha profissão, questões de climatologia são, por definição, imponderáveis e caóticas. Mas este é o afã da ciência, contornar na totalidade a aleatoriedade da natureza. O que espero que jamais aconteça.

Um comentário:

Charles de Lima disse...

Me lembrou o "Conto do Borges", sobre a cartografia que representava a cidade do tamanho natural, e que de fato, quando colocada sobre a cidade respondia com precisão as medidas da mesma.

Adorei

abraços