quarta-feira, março 17, 2010

Do Racionalismo


Há razões demais na filosofia do conhecimento (a episteme), com o perdão da paráfrase e do trocadilho infame, conhecer a natureza e o real do homem durante toda a história do pensamento, e sobre tudo na idade moderna, dividiu a origem do conhecimento entre aqueles que o consideravam fruto de uma experiência e aqueles que o consideravam um ente de razão.
Em outras palavras, ou o conhecimento se dá através do objeto a ser experenciado, ou se dá através do sujeito que pela razão conhece o objeto. O racionalismo polarizou com o empirismo durante um bom tempo, porém, hoje sabemos que a razão é capaz de alcançar formulações sobre fenômenos que estão fora do alcance da experiência humana como, por exemplo, questões da astrofísica, que muitas delas andam as voltas com experimentos que visam a comprovação destas formulações, vide a física quântica e a relatividade.
O problema consiste em se assegurar da validade da construção epistemológica do conhecimento. Vários fenômenos podem ser destorcidos ou não percebidos durante a experiência do objeto, o mesmo acontece com o sujeito que se vale da razão, razão esta que revelou a existência do próprio sujeito, como diria Descartes “Penso, logo existo” – O Cogito.
Esta dualidade tentou ser superada por Kant em sua obra: Crítica a Razão Pura. Mas a superação só veio mesmo com a fenomenologia de Hurssel e Heiddeger que misturam o sujeito e objeto em um só fenômeno. Nós fazemos parte do fenômeno que observamos, através da consciência que tende para o mundo.
A partir deste momento a razão também passa a ser contestada com mais propriedade. É deste momento que Nietzsche quer destruir a razão incorporada na metafísica, que Freud descobre que a razão não acessa a maior parte da psique humana e o homem não é o senhor em sua própria casa, que Weber descobre a razão que pensa fins e valores e uma outra, instrumental, que se esgota no ajustamento dos meios e fins, Adorno descobre o caráter repressivo da razão e seu afã de domínio e controle da natureza, e que Foucault descobre a relação promiscua entre razão e poder.
Porém não há como negar que a razão representa para a modernidade a proposta mais generosa de emancipação jamais oferecida ao gênero humano, prometeu libertar o homem da tirania e da superstição, construir racionalmente seu destino, emancipou o homem politicamente legando a formulação racional da estrutura política e jurídica do Estado moderno. Para se ver como ainda estamos filiados a luz da razão.

6 comentários:

el Samu disse...

é. aí fica a eterna dúvida: "sou eu o capitão de minha alma" como afirma Henley ou "quem me navega é o mar" do wilson batista?

Maria Angélica Davi Costa disse...

Parei de escrever mesmo....

Marcio disse...

não haveria um equilíbrio desejável entre o conhecimento como "fruto de uma experiência" e como "ente de razão"? essas concepções tem que ser mesmo conflituantes e irreconciliáveis?

Alê Marques disse...

Existe equilibrio sim, Gurdura! É pela fenomenologia

Marcio disse...

Legal! e tem no mercado livre?

Alê Marques disse...

Tem sim! Mas só black, no paralelo, no câmbio negro!
Se vc quiser, eu peço pro Marião Bradock pegar pra você na favela do Rhodia.