terça-feira, agosto 10, 2010

Hoje

Uma abelha ferrou minha cabeça. Mas talvez fosse uma vespa, não tenho certeza.

Esqueci meu cão no mercado.

Comprei meias femininas na Marisa. Na dúvida entre uma sapatilha meia e uma meia sapatilha, levei as duas.

Dei umas moedas para um sanfoneiro cego.

Fiquei devendo vinte centavos na banca de jornal.

Todos os ipês da cidade estão floridos; este, em frente a minha casa, não.

O escriturário não reconheceu a minha assinatura.

A impressora cuspiu uma folha impressa inútil, e morreu.

Pelas tantas, dirigindo na estrada, tive uma alucinação. Achando que estava em um local, dei-me conta que estava em outro completamente diferente. Por alguns minutos não sabia se estava indo ou voltando, se já havia ultrapassado meu destino. Isso me provocou terror e a nítida sensação que tinha atravessado um portal espaço-tempo, um "buraco de minhoca" e sido carregado para outro lugar num átimo, sem perceber nada. Assim como se acorda de repente em um local estranho, não sabia como tinha parado ali, mesmo sendo o condutor do veículo.

Hoje não foi um dia, foi um enigma.

8 comentários:

Alê Marques disse...

As vezes sinto o meu cérebro como um enorme "wormhole" em que entro e saio, o problema é encontrar o caminho da volta! É a gravidade da vida que deforma o espaço-tempo, e nos prega tais peças, quando não, nos deixa absortos na anti-matéria da paixão! Sim, ela, este cadafalso do universo.

Maria Angélica Davi Costa disse...

Bom, to nesse sentimento de enigma já faz um tempo....desde que vim parar aqui!
Viva o buraco da minhoca.

Nilson Ares disse...

Marcio, esse negócio de enigma é de deus?

Marcio disse...

Não, não é de Deus. Mas também não é do Guttemberg.

Alê Marques disse...

Sim, as guttenberguianas!!Aquelas idéias que surgem do prensado do Guttemberg! Impresa pelos tipos voláteis

Marcio disse...

Demorou pra compor as "Guttemberguianas". Abusando da dodecafonia!

"nos deixa absortos na anti-matéria da paixão! Sim, ela, este cadafalso do universo."
fala mais sobre isso aí

Anônimo disse...

Isso me lembra, o almoço nu, do Burroughs.


Meio peiote, umas heroinas, e bem vindo ao mundo paralelo.

abraços

Prata

Marcio disse...

Pois é, acho que a experiência foi nessa linha, menos intensa com certeza. Não tem peyote por cá.