Os objetos sobre a estante causam-me repugnância
A ferrugem do portão revela que o tempo corroi a vida (a memória)
Os telhados velhos e encardidos mostram a poluição deixada pelo tempo
A casa só será novidade aos novos moradores
Eles entrarão alegres com sua juventude
Recém-casados ouvirão o arrulhar dos pombos nos telhados
Acharão graça neste detestável ruído sonoro todas as manhãs
Pobres pombinhos humanos
Mais tarde suas crianças nascidas do prazer imensurável do sexo
Brincarão no subir e descer das escadas
Achando a casa uma grande novidade
Pobres pirralhos, não vêem ainda o envelhecer
A casa de fato não envelhece
São homens, José, a humanidade
A estante, o portão , os telhados
São atemporais por natureza
PIK
2 comentários:
Mas essa foi de franco atirador hein? Achei realmente sublime!
Precisão, leveza, é de uma mansidão e ao mesmo tempo de uma desesperança..Impregnado de humanismo, de uma carga existencial..
Não sei, mas me tocou muito, penso nisso as vezes mas nunca sobe sintetizar dessa maneira.
Sem querer filosofar, mas, a questão do tempo e do Ser é transversal ao texto.
Pobres pirralhos, não vêem ainda o envelhecer
A casa de fato não envelhece
São homens, José, a humanidade
A estante, o portão , os telhados
São atemporais por natureza
BRAVÍSSIMO!!
"o significado é o uso."
Wittgentein
Prata
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