segunda-feira, março 05, 2007

A movimentação do Jazz entre culturas


Objeto de crítica de um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt, Theodor W. Adorno, o jazz era caracterizado como a “regressão da audição” termo expresso em um dos artigos do sociólogo escrito da década de 40.
De acordo com definições sobre cultura popular que é produzida pelas manifestações populares, oriundas empiricamente do seio tradicional e de cultura erudita que deriva da produção cultural dos letrados, com normas científicas buscando relação de causa e efeito; sob a ótica de Adorno este estilo musical ganha o rótulo de cultura de massa, que a literatura especializada localiza entre os dois tipos já citados, pois se tratar de uma nova designação para atender a demanda por um novo tipo de consumo transformado pela industrialização sobre o modo de produção daquela época, com o objetivo de formar consumidores sem distinção de classes, ou seja, massificando-os como um todo.
Mas para que a cultura de massa possa se firmar, ela vai precisar dos meios de comunicação (Rádio, TV, Jornais, Indústria fonográfica, etc.) de modo que a torne onipresente, participante do cotidiano das pessoas, de várias formas estimulando e padronizando os gostos para atender então a necessidade deste consumo desenfreado e quase mecânico.
Sendo assim, o jazz enquanto estilo musical nascido também no seio popular (nas plantações de algodão às margens do rio Mississipi, nos EUA), ganha notoriedade pela sua qualidade estética e artística e se firma nas manchetes dos jornais, nas ondas do rádio e posteriormente ganha as lentes da então iniciante Televisão estadunidense, pelas mãos brancas.
Hoje sabemos que este quadro já não existe. O jazz circula por um mercado elitista em que apenas uma faixa da sociedade com alto poder aquisitivo consome os produtos que são lançados, como CD’s, shows, DVD’s, etc.
É interessante descobrir como foi este processo de desmassificação que colocou o jazz no hall dos estilos que apenas uma elite dominante significativamente o consome. Um tipo de música banido do alcance dos excluídos da sociedade contemporânea, ilustrando um paradoxo, pois o vigor negro dos solistas e crooners de New Orleans nasceu justamente desta condição suburbana e marginal embutida nos lamentos das canções de Billy Holliday ou nos solos de Charlie Parker.
Entender como um estilo se movimentou por entre três tipos de cultura (popular, de massa e erudita) será importante para descobrir como ocorreu esta “desapropriação” das camadas populares pela elite, tendo como mediadores os veículos de comunicação de massa.


Nilson ares / CONTROL C press

Um comentário:

Anônimo disse...

Sarsa,
comecei ouvindo beatles, com sonho de tocar Raul no violão, hoje pareço gozar das possibilidade do céu, e o jazz meu irmão é estado pleno.
Hemerson