sexta-feira, julho 04, 2008

Príncepe Palhaço





A noite passando através das faixas iluminadas da estrada me lembravam, que apesar de exausto não poderia dormir ainda, estava próximo...
Muitos diálogos depois, quase sempre na direção correta o lugar havia despontado atrás de um muro frio e sem muita cor. Aliás, a penumbra da noite fazia com que a alacridade ficasse escondida.
Deparamo-nos logo com um animal exterior a essa vida conhecida, muitos metros de altura, começava a fantasiar e a viver meu mundo de faz de conta.
E a cada relance o novo, a possibilidade de ser algo que não me lembrava mais, que há tempos não havia pensado existir, enfim, um solapar de idéias adormecidas acontecendo a cada segundo e segundo depois.
A companhia não poderia ser melhor, pois duvido exista algo tão perfeito quanto aquele verde fresca a flores de nome amores. O andar perde o ritmo e me vejo embalado pelo devaneio momentaneamente sóbrio, tudo é fantástico, irreal.
Num lance de vista o oriente e seus sabores, que sempre me conquistavam enquanto ainda habitava o mundo comum, mas agora, na imaterialidade do sentir os sabores muitos mais pueris se misturavam com sensações de mundo jamais percebidas, um sensoriamento jamais registrado, uma infinidade de sensibilidades motoras e muito chão quando se quer voar.
Começo lento, sem o que pensar, com a mente vazia dos fardos comuns, das mazelas d’alma. Sigo silencioso, sigo a espreita, que surpresas me serão apresentadas assim, aqui ou ali?
Um movimento parece ocorrer a poucos metros de onde plainava a dois e aterrizo livre e calmo para a conferência do momento.
Toda aquela música, entorpecente, viva de espírito, combinando minha atmosfera fria e luminosa com vibrações harmônicas multicoloridas resultaram na experiência pública mais avassaladora que já tive.
Os beijos, os cabelos úmidos, a deusa minha e a única vontade de ser fantasia, de ser irreal, de ser príncipe palhaço de meu próprio reino. E quando nessa hora chamei por meu Pai para que me concedesse a graça de me tornar tudo o queria ser aquela noite, entoei a voz transpassando a lona circense que me cobria do relendo:
– Pai, me ensina a ser príncipe do meu próprio reino, Pai, me ensina ser palhaço?!
– Isso não se ensina seu bosta!
E na mais estranha sensação pensava eu que de volta ao mundo real estaria, sem saber que acabara de ascender de mãos dadas ao sétimo céu.

2 comentários:

Maria Angélica Davi Costa disse...

Godzila monstro de garrafas pet. Repense, Recuse, Reduza, Reuse, Recicle. Nesse momento entendi os 5 Rs.

Anônimo disse...

Que lugar seria esse reino?
Onírico?


Sarsa