sábado, janeiro 31, 2009

Fantasmagorias

Borges perguntou a um estudante de letras norte americano se já lera Arabian Nights (As Mil e Uma Noites), e este respondeu que não fizera o curso de árabe, e Borges respondeu que também não, disse que lera no curso de Noites. Era isso que estava lendo quando Fantasmão disse que A República de Platão era o bicho! Vire e mexe neguinho da Pólis já queria ver a parada. Certa vez chegou a expulsar os artistas, por julgar que estes representavam de maneira caricata o ideal do belo, do supra-sensível. Criando imagens e delas o simulacro, copiando mundo das idéias. Inverossímil, ma no troppo. O afã da representação acabou inaugurando outras realidades, hiper realidades suportadas por uma sintaxe binária aparentemente muito simples: zero e um. Esses dois signos suportam hoje uma profusão de sentidos e significados que a representação platônica só postulou no mundo das idéias, no supra-sensível, no mundo fora da caverna. A virtualidade não é uma sombra da realidade no fundo da caverna, é outra realidade, ainda latente. A sua extensão está em potência e não em ato, mas, o fato, é que essas duas condições (ato e potência) andam se coincidindo no tempo-espaço. Lembrou-me de outro conto de Borges que conta a história de um colégio de cartógrafos, que se esmeravam em construir um mapa que fosse do tamanho do império, em que cada ponto do mapa coincidia com as localidades e os objetos geográficos ali representados. Mas Borges sabia, que o mapa naturalmente se tornaria obsoleto. Pois há noticias, que existem ruínas desse mapa habitadas por animais e mendigos. Já que consideraram tal representação mais aconchegante e perfeito do que o espaço da realidade ordinária. Pelo menos foi o que imaginei, quando agora vemos que o esmero da representação é ser mais perfeita do que a coisa representada, do excesso de significação frente ao significante, da técnica portadora de sentido e do meio abarcando a totalidade da mensagem. É o que torna imperativa a obsolescência programada da realidade e suas eternas atualizações. Isto não estava no mundo sensível de Platão, e acho que nem no supra-sensível.

9 comentários:

Anônimo disse...

Penso que o mundo platônico trata-se de outra coisa que está mais para aquilo que foi aproveitado por Santo Agostinho, entretanto, a realidade virtual chegará e está a controlar o real a tal ponto que estamos constantemente vigiados literalmente. Já podemos criar uma nova nomenclatura para representação do pós-novo mundo , a direito acender vela sem queimar e receber milagres, como localizar os filhos na balada e conversar online com os danados. Meu amigo , seu texto está muito bom, mas pondere na linguagem , pois algumas palavras tem tornado difícil a compreensão do texto e ele é mensagem antes de tudo.

Nota: li 3 vezes


abraços,

Hemerson

Maria Angélica Davi Costa disse...

Mensagens tem a obrigatoriedade de se enquadrar nos moldes de cartilha primária(vide 'caminho suave)?


E afinal, aqui escrevemos mensagens ou idéias próprias, reflexões, diálogos, apontamentos e até conclusões?

Alê Marques disse...

Isso que escrevi, é isso mesmo!É só uma constatação sobre o afã humano da representação, e até que ponto chegou.
Eu já sofro o ano inteiro tentando ser didático com meus alunos, agora aqui é a minha catarse!
É isso!! Sejamos catárticos! Ou pelo menos, menos pregiçosos e passemos a escrever mais nesse blog!

Anônimo disse...

Você não está entendendo nada do que eu digo.
Minha querida Maria Angélica, se assim posso chamar, não a obrigatoriedade nenhuma, caso você não tenha lido direito o que eu disse. Releia antes de falar bobagem...
Leia um pouco de autores como Frei Betto, Paulo Frei e verá lá quanta complexidade há na simplicidade minha filha,

fui

Anônimo disse...

Quem vai querer comprar banana?

Maria Angélica Davi Costa disse...

Muito boa replica. Vou voltar para a 'caminho suave' agora.

Anônimo disse...

Tem no sebo

Anônimo disse...

ainda tenho uma em casa...só a capa que está soltando...

ISMAEL disse...

Bem legal cara...