Hoje no horário político curto(durante os intervalos) vi um canditado evangélico delineando a vida. Para ele, a vida começa com a junção do espermatozoide com o óvulo.
O fim é quando o sujeito perde a consciência, por exemplo na morte cerebral, deixando de existir.
Primeiro, por que um canditado delimita vida? E na televisão? Fiquei uns minutos sentada na cama pensando sobre isso.
Segundo: delimitação pobre, uma vez que, no embrião que aconchega-se no útero não há consciência também, já que não há formação nem ainda da cavidade onde futuramente irá crescer a notocorda, ou Sistema Nervoso, dividido em Central e Periférico. Ou seja, do ponto de vista exposto por ele, o canditado, se o fim é o fim da consciência, o começo então deveria ser o começo da consciência. Não?
Com esse comercial, o texto do meu querido amigo Prata e já nesse final de ano, lembrei-me de meu melhor amigo que faleceu há quase um ano, completará um ano no dia ... bom, esse é o problema.
Dia 28 de Dezembro pela manhã, em Ubatuba, ele caiu sozinho na cozinha. Escutou-se um barulho, quando chegaram na cozinha lá estava ele convulsionando no chão. Correram para São José. Diagnóstico: morte cerebral, só confirmada num exame feito dia 29 de Dezembro. Durante todo esse dia, até o dia seguinte, os órgãos que poderiam ser removidos foram encaminhados para transplantes. Infelizmente o coração não pode ser usada devido aos procedimentos médicos.
Dia 30 velei meu amigo. Disse tchau para ele ali deitado no caixão. Ele estava sorrindo.
Dia 31 vi fecharem o caixão.
Mas para mim, biologa cética, ainda é difícil aceitar a morte dele. Os olhos dele ainda veem, o fígado ainda funciona. Sem o funcionamento dele, morremos em três dias. Como então ele morreu?
Escrevo esse texto para lembrar a mim mesma que os limites existem para quem os cria. O fim da pessoa que eu amei muito e amo, não por parentesco, mas por convivência, por todas as coisas boas e ruins que passamos juntos, me deixou carente de amigo, sozinha. Tenho muitos amigos que irão ler esse texto e me chamar de mal agradecida, mas o lugar do Marcelo sempre será dele e nesse momento que escrevo esse texto choro de saudade da risada dele, que ainda consigo escutar, então será que ele se foi mesmo? O lugar dele está vazio.
Já pensei em ligar para ele. Já o coloquei em listas de festas.
Já imaginei tudo que ele não foi e poderia ser e penso nos limites, dele e meus.
O vazio fica e não importa quão longe ele esteja, eu sempre vou ama-lo e vou morrer de saudade de quando ele falava bravo comigo, no fundo ele meu único amigo que podia brigar comigo de verdade. Ele era o único que conseguia impor limites em mim.
O fim é quando o sujeito perde a consciência, por exemplo na morte cerebral, deixando de existir.
Primeiro, por que um canditado delimita vida? E na televisão? Fiquei uns minutos sentada na cama pensando sobre isso.
Segundo: delimitação pobre, uma vez que, no embrião que aconchega-se no útero não há consciência também, já que não há formação nem ainda da cavidade onde futuramente irá crescer a notocorda, ou Sistema Nervoso, dividido em Central e Periférico. Ou seja, do ponto de vista exposto por ele, o canditado, se o fim é o fim da consciência, o começo então deveria ser o começo da consciência. Não?
Com esse comercial, o texto do meu querido amigo Prata e já nesse final de ano, lembrei-me de meu melhor amigo que faleceu há quase um ano, completará um ano no dia ... bom, esse é o problema.
Dia 28 de Dezembro pela manhã, em Ubatuba, ele caiu sozinho na cozinha. Escutou-se um barulho, quando chegaram na cozinha lá estava ele convulsionando no chão. Correram para São José. Diagnóstico: morte cerebral, só confirmada num exame feito dia 29 de Dezembro. Durante todo esse dia, até o dia seguinte, os órgãos que poderiam ser removidos foram encaminhados para transplantes. Infelizmente o coração não pode ser usada devido aos procedimentos médicos.
Dia 30 velei meu amigo. Disse tchau para ele ali deitado no caixão. Ele estava sorrindo.
Dia 31 vi fecharem o caixão.
Mas para mim, biologa cética, ainda é difícil aceitar a morte dele. Os olhos dele ainda veem, o fígado ainda funciona. Sem o funcionamento dele, morremos em três dias. Como então ele morreu?
Escrevo esse texto para lembrar a mim mesma que os limites existem para quem os cria. O fim da pessoa que eu amei muito e amo, não por parentesco, mas por convivência, por todas as coisas boas e ruins que passamos juntos, me deixou carente de amigo, sozinha. Tenho muitos amigos que irão ler esse texto e me chamar de mal agradecida, mas o lugar do Marcelo sempre será dele e nesse momento que escrevo esse texto choro de saudade da risada dele, que ainda consigo escutar, então será que ele se foi mesmo? O lugar dele está vazio.
Já pensei em ligar para ele. Já o coloquei em listas de festas.
Já imaginei tudo que ele não foi e poderia ser e penso nos limites, dele e meus.
O vazio fica e não importa quão longe ele esteja, eu sempre vou ama-lo e vou morrer de saudade de quando ele falava bravo comigo, no fundo ele meu único amigo que podia brigar comigo de verdade. Ele era o único que conseguia impor limites em mim.
(Segue a letra de uma das músicas prediletas dele:
Yesterday I got so old
I felt like I could die
Yesterday I got so old
It made me want to cry
Go on just walk away
Go on
Your choice is made
Go on and disappear
Go on away from here
And I know I was wrong
When I said It was true
That it couldn't be me and be her
Inbetween without you
Without you
Yesterday I got so scared
I shivered like a child
Yesterday away from you
It froze me deep inside
Come back don't walk away
Come back today
Come back
Why can't you see?
Come back to me)
3 comentários:
É hoje (10.12) fez três anos que meu pai se foi e fiz algo que ele gostaria de fazer...
um dia desses eu conto, ou não também...
força aí menina!
Ultimamente tenho levado socos da vida. Não sou dono de nada -parafraseando os Racionais - nem do meu próprio universo em crise e de meu coração partido.
Assisti nesses dias um amigo na linha tênue, visitado pela indesejada das gentes*. Um susto.
Vi um apoixonado pela vida ser alvejado por projéteis e pela imprensa, como se fosse o próprio imperador do caos, o regente da causa e efeito.
Sou o pó do acaso jogado aos leões. Somos o meio. Às vezes, sem sentido e vazio.
S. Maia
*poema Consoada de Manuel Bandeira
http://leaoramos.blogspot.com/2007/11/quando-indesejada-das-gentes-chegar.html
como já falei o que acho para você, pessoalmente, creio que isso aí é muito mais do que físico e também penso que é egoísmo de sua parte querê-lo para sempre, a lembrança e o que ele significou para você foi isso e pronte, admirável e importante para sua formação. É muito mais complexo, mas temo a morte e penso nela todos os dias, somente assim fica mais fácil entender o que devemos fazer agora se ela nos encontrar. Força aí e seguimos em frente
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