sexta-feira, março 19, 2010

O Mestre Sala dos Mares


Já era noite quando a belonave havia fundiado na baía de águas calmas e até então limpas, e o presidente recém empossado usufruía do rapapé promovido pelos correligionários e aduladores de plantão, ouviu um estrondo vindo do navio ancorado na baía que já não se apresentava mais tão calma.
Os marinheiros se amotinaram e resolveram voltar os canhões contra a cidade, parecia inverossímil que parte da armada tivesse se rebelado e colocasse a força naval sob o controle de algum lunático ou saqueador. Mas não era bem isso que ocorrera.
A tripulação do navio, recrutada pela Marinha de Guerra, era essencialmente de pessoas desvalidas, tiradas de seu lugar de origem de forma impositiva, na maioria jovens e adolescente de 14 a 20 anos, quando não homens que tiveram que deixar sua família a força para servir a armada por um tempo nunca inferior a quinze anos. E como se não bastasse tais condições, as faltas disciplinares graves eram punidas exemplarmente com um numero de chibatadas que podiam variar entre vinte e cinco a duzentos e cinqüenta.
Dentre a tripulação havia um praça negro, chamado João Candido, que apresentava uma folha de serviço impecável e que ao presenciar tal castigo promoveu um motim no navio, assumindo o comando do Minas Gerais, se revelando um dragão do mar.
Dessa revolta, hoje faz cem anos. Cem anos da Revolta da Chibata que deixou atônita a Marinha e a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Um salve a João Cândido em comemoração aos cem anos do feito, o nosso primeiro e único Almirante Negro, “Salve o Navegante Negro,/ Que tem por monumento/ As pedras pisadas do cais”.
Mas faz muito tempo.

27 comentários:

Anônimo disse...

Vc está inspirado em bonitão. Vamos então de bike a prosear via Caçapava neste sabadão de Deus . What do u think m brother?
PIK

el Samu disse...

tanto tempo...
hj o feito maior é o sistema de cotas!

Marcio disse...

Muito bem lembrado. Tipo de comemoração que não sai em qualquer veículo de comemoração. Salve o Almirante Negro!

el Samu disse...

veículo de comemoração? que diabos é isso?

el Samu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Como pode a leitura histórica do fato se nortear pela cor da pele do protagonista?

Realmente não entendo.

Depois querem criticar o "White Power" e achar legal o "100% Negro".

Num fode.

SM

Marcio disse...

ato falho, Nelinho, ato falho.

SM, pelo tom dá pra ver onde vc quer chegar, mas macaco veio não põe a mão em cumbuca.

mas não precisa fazer um esforço mental muito grande pra imaginar por quê uma revolta no Rio de Janeiro, poucas décadas depois da abolição, liderada por um negro, e ainda dentro de um ambiente militar, é tão simbólica.

el Samu disse...

marcinho perdoado pelo ato falho, porém condenado pelo workshop histórico. por favor marcio, isso aqui não é telecurso 2000!!!

Anônimo disse...

Márcio,

pelo valor simbólico é que me desagrada o reducionismo.

E o paralelo cor x ficha limpa "Dentre a tripulação havia um praça negro, chamado João Candido, que apresentava uma folha de serviço impecável[...]", sutíl, hã?

Mão Negra, o redator do manifesto, era negro ou surrupiou o título de nobreza?

É. Enraizado está.

SM

Maria Angélica Davi Costa disse...

Enraizado esta a horta daqui com alfaces, temperos, caqui salgado, boldo. O resto é erva ruim,a gente arranca.
E a cultura dos negros poderia ser emprestada ao meio ambiente? Ou não? Aí, me perdi....

Marcio disse...

o que vc não entende sm, é que a partir da escravidão cor da pele é uma diferença social, não apenas étnica. se vc não considerar isso, não entende nada mesmo. ou não quer entender. vc acha que o fato da maioria da população carcerária ser negro/pardo é uma questão étnica?

Marcio disse...

nelinho, vsf.

Anônimo disse...

Marcio,

não conseguiria expor minha visão sobre o assunto em tão pouco espaço, por isso sugiro vivamente que leia "Uma Gota de Sangue" de Demétrio Magnoli.

SM

Alê Marques disse...

Rapaz estava trabalhando, e faltei com a minha responsabilidade neste bog.
Bom, seja negro pardo, mameluco, cafuso..Eu só queria falar da revolta da chibata. Da próxima vez vou colocar a Pantera cor de Rosa como personagem´principal, já que a cor importa tanto!
Este post meu, foi mais uma referencia a uma musica do João Bosco e letra do Aldir Blanc que me fez lembrar do cenenário, Mestre Sala dos Mares:

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Alê Marques disse...

A propósito SM.

Eu já li uns capitulos de Uma Gota de Sangue, do geógrafo e Sociólgo Magnoli. E sei o que vc está querendo dizer. E discordo.
Primeiro por que vc deve ser signatário do Magnoli no tocante as críticas por ele feitas as polítcas afirmativas, alegando que essas causam e/ou acirram ainda mais as desigualdades raciais. É um ponto de vista, que respeito, mas não concordo protamente.
O que Magnoli advoga em uma gota de sangue é justamente uma resposta racional para embasar a sua premissa de combate as cotas para negros em concurso publco, universidades etc..
Ele o faz, buscando sua base no multiculturalismo pós-moderno. Dizendo que a sublevação das minorias étnicas é um fenômeno típico do multiculturalismo, que vem se reafirmando nos ultimos 20 30 anos.
Concordo com ele e já disse isso neste bog. Vide o que aconteceu no leste europeu, balcãs, com os ídios da America Latina.. a força da etnia e da georafia são marcas da pósmodernidade. E são fontes de problemas para o Estado!
Mas agora que esta população pode se manifestar e corrigir erros hostóricos ela será fadada a essa premissa sociológica?
Isso aconteceu também na época da antroplogia etnocentrica do Conde de Gobineau, da ciencia da raça, ou do chamado tamém de racismo cientifico, que tentava cientificamente achar diferencças entre as raças, para justificar a sua dominação, isso era muito usado no século XVII no colonialismo.
Mas hoje o que o Magnoli faz é o contrário mas com a mesma intenção: Numa análise sociológica do multiculturalismo tenta dizer que não há diferenças entre raças justamente para que elas não venham reivindicar polítcas afirmativas.
E pegar a vaga do seu filho na universidade publica ou num concurso!

Anônimo disse...

Desculpa, Alê. Mas sua visão me parece um tanto quanto torta. O que o Demetrio combate é uma vontade de um grupo sobrepujar outro. E nisso concordo com ele sim.

Mas a ideia conceitual da obra - talvez você não a tenha percebido por não ter lido todo o livro - é catalogar os objetivos obscuros por trás dos movimentos pró minorias e desconstruir a ideia de que a escravidão foi imposta aos negros.

E, algo que vai de encontro com o que você diz, Magnoli não é contra as ações afirmativas. Ele é contra a racilização de tais ações, caso em que concordo novamente.

SM

Marcio disse...

Não, a escravidão não foi imposta aos negros, eles aderiram a ela voluntariamente!!

Conversa de nazi!

Anônimo disse...

Aí, Marcio, como você não me conhece vou relevar o que disse.

Em segundo lugar, posso ter me expressado mal. A escravidão não foi imposta aos negros PELOS BRANCOS, mas sim por uma cultura monárquica NEGRA onde a plebe (negros) era vendida como mercadoria e estando em sua terra ou não tinham as mesmas condições de vida. Ou seja: miseráveis.

E digo mais, essa prática foi exportada para o Brasil, onde existiu também um Rei e seu reino (escravos negros) nos mesmos moldes. Seu nome? Zumbi.

SM

Marcio disse...

ë claro que não te conheço, Vc é anônimo! como vou te conhecer pessoalmente e relevar as besteiras nazi que vc diz? só te conheço pelo que vc escreve aqui, e olha, fiquei assustado!

vc não se expressou mal não, continua desvirtuando fatos históricos pra relativizar a escravidão, daqui a pouco vai dizer que o Holocausto é propaganda de judeu americano hollywwod. Conversa de nazi mesmo!

Anônimo disse...

Aí, Marcio; sua cara: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Godwin

Um pouco de história para você:

http://amparonews.spaceblog.com.br/243660/Zumbi-dos-Palmares-tinha-escravos-afirma-historiador/




Agora diz aí, tem mais gente jogando no campo da distorção comigo, não?

SM

Alê Marques disse...

Porra SM é brincadeira hein. Se for verdade que Zumbi tinha escravo mesmo, então está justificada a escravidão?
Não precisava falar isso!!
Se o negro era miserável na Africa então não pega nada tira-lo de lá pra ser escravo aqui?
Aí não dá né meu irmão!! Fugimos do racional e do minimamete ético!!

Anônimo disse...

Não dá pra acreditar.

Nêgo num sabe ler.

Desculpa pelo nêgo, ok?

SM

Anônimo disse...

Ou cagam na entrada ou cagam na saida...

Marcio disse...

SS, queria entender qual é o sentimento de culpa que te leva a querer minimizar a escravidão com esses argumentos falaciosos. Por que se não por culpa, é ideologia de ultra direita mesmo.
E como eu aprendi na escolinha Padre Julio Maria, com o Prof. Rogerinho, com Neonazi a gente não discute, não argumenta, não ouve opinião: com neonazi é só no Cacete mesmo.

Anônimo disse...

Marcio, sentimento de culpa nenhum. Até porque, como você já deve ter lido, não podemos discutir questões seculares com conceitos contemporâneos. A cultura era outra e o mercado tinha uma dinâmica rudimentar. Se você tiver se dado ao trabalho de ler um pouco do que pensam historiadores, algumas das tiranias escravocratas eram cultuadas como divindades, portanto servir a essa divindade era um privilégio. Existiam também elistes negras com grandes interesses na segregação e europeus tirando vantagem disso - mas não dá pra escrever tudo nesse espaço. E por isso devemos não fazer nada? Eu disse isso? Disse apenas que devemos estabelecer a igualdade, mas não por opção de raça, mas por desequilibrio social e de renda. Eis minha fórmula mágica: foco nos pobres. Mesmo que eles sejam louros dos olhos azuis. (Workshop, by Nelinho)

Agora se meus argumentos são falaciosos, você, do alto de seu conhecimento, poderia desconstruí-los, que tal?

Ultra direita? Esse seu conceito está um tanto ultrapassado, né não? Mas não tenho medo de fantasma.

Só a pecha de direita não te satisfaz, precisa ainda colar a de neonazista? Go on...

E se quiser pode vir quente...

SM

Marcio disse...

Não preciso, o Coronel que é muito mais competente que eu já te mostrou onde que o sua argumentação nasceu torta.

Anônimo disse...

Peidou!