Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
Que nos arrasta moço sem termos visto a vida
Ou coisa parecida, ou coisa parecida,
Ou coisa parecida
Belchior
Hora do Almoço
Quando o grande filósofo matemático Descartes completou seu 40 anos recebeu uma graninha boa e ficou com vontade de viajar e conhecer o mundo. Alistou-se no exército e segundo consta teve contato com culturas totalmente diferentes da tua.
Tais culturas provavelmente geraram profunda crise no pensamento deste homem que até então enraizado dentro da cultura européia sempre tomara toda verdade que lhe fora ensinado dentro do colégio jesuíta de La Fleche. Ora, diante disso, este grande pensador talvez tenha pensado assim: vejo que dentro de cabeças honestas de outras culturas possuem verdades que vão contra a lógica daquilo que até hoje eu as tenho tomado como verdades universais e absolutas.
Eis aqui um grande problema. Como confiar nos sentidos se eles nos dão testemunhos relativos diante das coisas? Diante disso, Descartes resolve colocar todas as possibilidades de conhecimento em dúvida, pois para que algo seja realmente verdadeiro deve possuir propriedade de validade universal.
Diante da dúvida em relação a sua própria existência ele cogita (eis o cogito): penso = existo, como seria a mim possível cogitar sem pensar, mesmo que tivesse sonhando não poderia negar tal fato.
Veja que tal pensamento está contido uma verdade que podemos afirmar como universal (válida para qualquer ser humano) e que tal verdade provem das idéias (não dependem da experiência) e por isso idealista.
Diante disso, conclui-se que o pensamento cartesiano tem sua fundamentação dentro de um profundo idealismo com desconfiança profunda em nossos sentidos.
Mais o que gostaria de salientar é que acreditarmos piamente em nossas verdades particulares como teor de validade universal e não sermos capazes de ser honestos intelectualmente pode nos transformar em pessoas intolerantes. Neste ponto há um salto profundo no pensamento deste gênio matemático, aliás, área que ajudou a fundamentar sua tese idealista.
Como diante da relativade entre parâmetros de valores tão diversos entre as culturas termos uma convivência harmoniosa : eis um problema filosófico ainda aberto.
Hemerson
Meus ouvidos captam um ruído ao fundo
Algo me lembra minha infância
Será o guarda noturno?
Sinto o ofegar da minha respiração
O suporte da alma, agora inerte sobre a cama.
Quem é este?
A pestanejar por entre confusões mentais e delírios
Serei útil a alguém?
A dor do próximo não me afaga o rosto, nem acaricia minhas mãos.
Quanto à palavra, seu som não reverbera.
Quanto à luz, sua explosão é branca e pálida.
Do outro lado, dizem, é um breu total.
Extremos, ou melhor, intensidades.
Um vazio que é preenchido com impossibilidades
De sorrisos, de caminhos, de amores.
Porque é assim?
Ao Fúlvio Fernandes.
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Meus amigos e amigas, depois de tempo distante estamos nós aqui outra vez trazendo a novidade agora do podcast inserido . Neste primeiro experimental estou colocando uma poesia de Aldir Blanc que foi musicada por João Bosco e aqui declamada pelo meu amigo Alexandre.
Abraços
PIK