O histórico do caráter técnico do planejamento urbano e de sua utilidade para o ordenamento do território, a racionalização do espaço está diretamente ligada à racionalização de produção, à serialização, à moradia mínima, ao zoneamento e ao excessivo parcelamento do solo urbano. A principal promessa modernista para a arquitetura e urbanismo, que tomava como premissa os parâmetros acima, se deu nos tempos áureos da cultura da República de Weimar com a Bauhaus.
Porém, também é importante colocar, como esta racionalidade técnica declara a obsolescência programada do urbano, preconizando o envelhecimento do novo, o modernismo, para dar espaço a autofagia das formas urbanas no pós-modernismo.
Harvey coloca que a estética estável do modernismo fordista acompanhando a fluidez da lógica cultural do capitalismo tardio, do padrão flexível de acumulação cede espaço para uma estetização urbana que celebra a efemeridade e o espetáculo, características encontradas no Município.
A estetização da urbe reduz os conflitos espaciais a dimensão da aparência. A excessiva estetizaçãofruto da lógica cultural do capitalismo tardio transforma espaços urbanos em cenários, em que atua uma vida pública atrofiada sem participação política, que só faz alimentar uma profusão de estilos, formas e outros cenários.
Tais cenários são compostos por uma frivolidade estética urbana, que está posta pelos critérios de uma cultura assumidamente soft, cool, a cidade do self service, disneylandizada, fake, sem critérios normativos contundentes que possam embasar tal estética.
Este esteticismo refere-se a questão da identidade em nossa contemporaneidade, sobretudo, a sua dimensão narcísica. Todos têm a necessidade de se diferenciar, numa busca lancinante de si próprio, de um eu que se vê refletido em tudo e não obstante se mostra incapaz, dentro da cidade, se instituir em algo idêntico a si mesmo, assim é a urbanidade de SJC.
A modernidade se mostrou como uma saída as aspirações de controle do homem sobre seu meio e o urbanismo se balizou frente a racionalidade técnica (pilar dessa modernidade), para valer-se como ciência da cidade, o que trouxe um urbanismo voltado para o futuro, para a construção do novo, para a idealização de uma sociedade organizada. Porém essa necessidade de estetização da urbe reflete que, a crença modernista em uma sociedade organizada e sua visão de futuro trouxe como reflexo a falta de perspectiva histórica, de seu passado, comum a pós-modernidade.
Seria então a estetização um sintoma frente a necessidade de se preencher o vazio do presente utilizando como expediente uma ressureição de um passado, de formas, estilos, referências simbólicas, fruto de uma transparência história a que São José toma como opaca e translúcida? A dimensão histórica espacial da cidade de São José e sua relação dialética com a estetização de sua urbanidade é o foco deste artigo. SJC busca através dessa estetização sua identidade, uma identidade comum ao mundo globalizado, de aeroportos, fast food e Disneylândia, voltada para se vender em um mercado que se almeja global.