Hoje, antes mesmo de chegar à via expressa do Tietê a caminho de São Paulo tive que voltar. Ouvindo o rádio (este fundamental veículo de informação, que faz parecer que aqui em SJK não existe nenhuma emissora capaz de prestar informação de interesse público, e não do público), recebi a precisa e fundamental informação que vários pontos da marginal Tietê e Pinheiros estavam alagados. Tietê e Pinheiros, exatamente o itinerário programado para este dia.
Ironicamente o motivo pelo qual me levava a este lugar também era a água, exatamente a mesma que me fez voltar do meio do caminho frustrando a expectativa de uma reunião a respeito da mesma, na secretaria Estadual do Meio Ambiente, que fica em Pinheiros. Uma área, assim como a totalidade da cidade de São Paulo, extremamente adensada e com declividades também muito acentuadas.
Pelo pouco que conhecemos, desde criança do ensino fundamental, a água na natureza perfaz um ciclo, o chamado ciclo hidrológico, não precisa ser nenhum especialista em hidrologia urbana para intuir como a água veio parar naquele lugar. Contraditoriamente, a metrópole que necessita de cada vez mais de água, a ponto de ter em seus planos a transposição de água de nossa bacia hidrografica, estava hoje debaixo d’água.
A região metropolitana de São Paulo tem uma perda no sistema de distribuição de 40%, como se não bastasse tem um indice percapita de tratamento de efluente doméstico bem aquem do desejado. Ou seja tem pouca água, perde-se muito na distribuição e o que sobra está poluido. Mas hoje presenciei uma outra forma de desperdício, a interferência antrópica no ciclo hidrológico.
A região apresenta declividade e uma grande área impermeabilizada, esses dois componentes do alagamento, são grandezas exponênciais. Toda vez que aumentamos um dos dois dá problema, os dois ao mesmo tempo dá a maior merda. Com isso a energia sinética da água(m/s2) aumenta a quantidade de água, chegando cada vez mais em menos tempo em uma dada área(A2).
Se recordarmos nossas aulas do fundamental, vemos que o homem com isso interferiu drásticamente no ciclo hidrológico, evitando que a água percole no solo fazendo a recerga do lençol freático, alimentando os rios e restabelecendo o ciclo. Dessa maneira temos um cenário esquizofênico, nos períodos de seca faltará água, e no verão teremos alagamentos. O problema da água na região metropolitana de São Paulo são basicamente, tratamento de efluente e a lógica de uso e ocupação do solo.
Teria que se inverter pelo menos um dos dois, mas é mais barato transpor água e adiar o problema. Para o tratamento e distribuição deste bem, uma das saídas era quantificar o quociente de assimilação e de auto depuração do corpo d'água, emitir títulos ou Certificado de Lançamento Reduzido(CLR) no valor da capacidade dde auto depuração e cormecializa-los para os individuos que exercem atividades econômicas na bacia hidrográfica. Criando um vetor dentro da racionalidade técnica do mercado de Serviço Ambiental, de igual direção, intencidade mas de sentido contrário ao vetor degradador. Uma vez que forçará dentro do mercado de serviços ambientais uma queda do lançamento de efluentes in nautura, já que ficará mais caro poluir, e em contra partida poderá se criar ativos para o não poluidor.
A água que se vê nos alagamentos poderia estar nas torneiras das casas da região metropolitana de São Paulo, se não fosse os erros históricos, e a falta de planejamento tendo como base a hidrologia urbana local.